Relatório aponta escalada da intolerância religiosa no Brasil
Números extraídos do banco de dados do portal Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, revelam que houve um grande aumento recente no número de denúncias relacionadas à intolerância religiosa no Brasil. O número quase triplicou, saltando de 353 em 2020 para 966 em 2021, e a estimativa é que o total de 2022 seja ainda maior por conta do envolvimento sem precedentes de determinadas denominações religiosas com a disputa eleitoral.
De acordo com a Agência Brasil, esses dados constam do II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, publicação organizada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas e pelo Observatório das Liberdades Religiosas com apoio da Unesco. O documento aponta, ainda, que as religiões de matriz africana, mesmo sendo minoria, são as mais atingidas pela intolerância, com o número de casos saltando de 86 em 2020 para 244 em 2021.
"A intolerância religiosa e o racismo estão entranhados nas relações sociais cotidianas, culturais políticas e econômicas. E é ela, a intolerância, que vem se apresentando como um dos nossos maiores desafios contemporâneos diante das possibilidades para a promoção e o fortalecimento das tolerâncias e das equidades religiosas. Como bem podemos constatar, através das narrativas e dos fatos históricos, somos educados dentro das construções coloniais que impossibilita quaisquer construções voltadas para as diversidades e para as tolerâncias", concluíram os pesquisadores. (Foto: Tânia Rêgo/AGBR)