Os medíocres na política
J. J. Duran
No exercício do poder político, a escolha dos governantes é considerada de vital importância para a vida dos governados.
Até por isso, considerando sua especialidade e sem esquecer seu caráter abstrato e mutável, a política oferece valorosas possibilidades de reflexão.
E ao longo da história, exponenciaram nesse cenário figuras clássicas da mediocridade intelectual e política.
Mais recentemente, essas figuras fizeram uso das redes sociais para negar a verdade e desvalorizar o discurso baseado na verdade, levando ao naufrágio a cultura por meio do uso de frases próprias de mentes deslocadas da realidade e carentes de conhecimento mínimo.
Os discursos com vocabulário entrecortado, sem correlação e sem a devida diferenciação entre os siginificados das palavras adversário e inimigo, levaram os messiânicos da ignorância suprema a um paroxismo sem precedentes na história política.
Para construir uma grei uniforme e pouco racional, esses messiânicos, autointitulados sabedores do caminho do reencontro com a verdade, não fizeram outra coisa que não semear o ódio - que, diga-se da passagem, invariavelmente se virou contra eles próprios. Resultado: os sucessivos insultos deram passagem irracionalidade.
Nesse cenário, o pensar diferente sempre significou ser um elemento maligno. Divergir de colocações comprovadamente estúpidas dos manipuladores das redes sociais colocadas a serviço do ressentimento, da torpeza e da ameaça de supostos "apóstolos", passou a ser algo totalmente antidemocrático, embora esta seja a verdadeira essência da democracia.
Nos episódios mais recentes da indo-América, todos que já havíamos vivido as noites trágicas dos desencontros fraternais optamos por desconsiderar esses novos aloprados, que em algum momento passaram a ignorar que tudo é temporal nesta vida.
No caso específico do Brasil, quero crer que Jair Bolsonaro tenha sido, na realidade, mais uma vítima de um grupo de irresponsáveis que dele exigiam a manutenção constante de um palavreado forte para que as ruas se tornassem poder material dos desorbitados.
Com isso se desmereceu a palavra presidente, se envelheceu a palavra fraternidade e se formou uma quadratura que manteve governantes e governados equidistantes uns dos outros.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná