Os verdadeiros culpados
No afã de dar respostas rápidas à sociedade apreensiva pelos acontecimentos do último domingo (8), mas sobretudo de mandar um recado direto e reto a grupos que insistem na tese de voltar a tocar o terror em Brasília e outras capitais, o governo federal elaborou a toque de caixa uma lista com 52 pessoas físicas e sete jurídicas e pediu à Justiça que cobre delas R$ 6,5 milhões, que é o valor estimado do prejuízo deixado pelo quebra-quebra protagonizado na capital do País por uma legião de pessoas que não sabem diferenciar sequer patriotismo de banditismo.
Acontece que as provas materiais de que dispõe a Advocacia-Geral da União para tanto são totalmente inconsistentes, na medida em que são apenas comprovantes de depósitos feitos em prol de manifestantes que, alguns excessos à parte, até então vinham agindo de maneira civilizada para manifestar sua insatisfação com o resultado não só do pleito de outubro último, mas de todo o processo que levou à recondução de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
Parece óbvio que os financiadores desse crime sem precedentes na história brasileira não foram exatamente os que constam da dita lista, ao menos em sua grande maioria, até porque se estes soubessem que o dinheiro doado era para esse fim não cometeriam a infantilidade de deixar rastros dos repasses feitos. Afinal, bandido que "se preza" costuma dar o tapa e esconder a mão.
Resumindo: os verdadeiros culpados seguem livres, leves e soltos, e da noite para o dia não será possível responsabilizá-los na medida exata da culpa de cada um, incluídas aí autoridades que lá atrás adotaram decisões e condutas que acenderam os diferentes estopins que acabaram incendiando o País como um todo. (Foto: Alex Rodrigues/AGBR)