República e cidadania são indissociáveis uma da outra
J. J. Duran
Não haverá no Brasil uma República sadia e estável, democrática e fraterna, sem se refazer a realidade e a mística da cidadania como origem do poder político e condição maior da existência dos direitos humanos.
Que nesta hora decisiva da vida republicana sejamos possuídos pela mística republicana para deixar a história a ser escrita no futuro longe das paixões e das diferenças ideológicas circunstanciais que levaram a este momento político carregado de volatilidades.
Precisamos de uma República que seja efetivamente capaz de moderar conflitos e conter as tentativas demenciais de instauração do autoritarismo retrógrado.
Isso é possível por meio de uma vigilância constante dos perigos do surgimento de novas tentativas de estabelecer o pensamento único, de fazer da mentira verdade indiscutível e de trabalhar para suprimir ou subjugar as instituições que impedem os desvarios ideológicos.
Felizmente, há uma generosa inclinação dos brasileiros pela tolerância e pala fraternidade com que fomos recebidos todos que viemos de fora destas terras para aqui constituir família e esquecer as duras experiências impostas pelo autoritarismo que imperava em nossos países de origem.
A moderação dos meios empregados para alcançar os objetivos mais distantes, a ausência da violência política, o breviário quase religioso da convocação permanente ao diálogo e o uso da via democrática da contenda eleitoral não significam debilidade, mas sim a força da alma e da razão.
O rigor, a violência, o discurso de ódio e as ameaças mais infantilizadas são sempre filhos da fraqueza e do temor daqueles que praticam e alimentam essa primitiva forma de fazer política.
A longa caminhada pelos trilhos da intolerância do século passado em muitos países nos levou a compreender que agressividade e radicalismo não passam de formas de pânico, individual ou coletivo, e não podem perdurar.
Não há como dissociar República de cidadania. Elas se engrandecem ou se degradam juntas. (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná