O atual cenário político
J. J. Duran
Existe na política brasileira atual um cenário difícil de entender. Seria patético se não existissem mais confrontos nas ruas e as respectivas tentativas infantilizadas de quebrar a tradição democrática para a volta ao passado militarizado da República, com a negação do resultado de uma eleição límpida e absolutamente livre.
Porém, existem os residuais, os patéticos, os infantilizados que ainda deliram com a possibilidade de trocar um resultado reconhecido pelos aliados mais próximos do candidato derrotado.
O plantão em frente às casernas em tempo democrático tem moderada influência no pensamento e nas decisões republicanas da sociedade militar.
Na democracia, o resultado de uma eleição é referencial do pensamento político nacional e o presidente Jair Bolsonaro foi claro ao responder, antes do fim da contenda eleitoral, que "vai levar aquele que tenha mais votos".
Numa eleição feita com lisura, o pensamento mesquinho de uma minoria não pode ter outro resultado que não uma mistura de fracasso com realidades ocultadas durante o tempo do letargo republicano.
Essa realidade, um tanto perturbadora, representa o fracasso de uma tentativa de negar o resultado mostrado pelas urnas, contando para tanto com a ajuda de tribunas midiáticas popularizadas pelas redes sociais.
Existe um cenário de verdades agora expostas com toda clareza a demonstrar, uma vez mais, que a história também registra o fracasso e o preço imposto à sociedade na implantação de governos autoritários.
Vivemos no tempo de uma realidade difícil, que mostra o hoje complicado e não permite pensar no amanhã. Vivemos em um cenário de globalização no qual se amontoam dificuldades cruéis, guerras, pandemia e ignorância política.
A caserna não é casa desabitada. É lugar onde habitam nossos pais, irmãos e filhos e no qual a fiel observação da Constituição é afirmada em juramento frente à Pátria, por isso é chegada a hora de recolher as tendas filosóficas do passado.
De uma eleição democrática não deve resultar a divisão da sociedade entre vencedores e perdedores, apenas a expressão da mudança, da esperança e do reencontro fraternal. (Foto: Tânia Rêgo/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná