A moral não é negociável
J. J. Duran
Nefastos personagens da vida pública, muitos deles ainda não atingidos pela caneta do juiz Sérgio Moro nem de outros magistrados que desenvolvem uma verdadeira cruzada pela moralização do País, estão mostrando novamente suas garras e voltando a ostentar as muitas benesses advindas de atuações criminosas contra os interesses do laborioso núcleo assalariado.
Audácia, histrionismo e mentiras fazem ressurgir no quadrante político a emblemática pergunta: a moral é negociável? Pelo fervoroso entusiasmo colocado nesse desbotado esforço, parece claro que essa estratégia tem objetivos muito claros e nada republicanos.
O primeiro deles é fazer o eleitorado esquecer um passado nada recomendável, mas que ainda está muito presente na mente dos mais atentos. Isso me faz acreditar na versão de um amigo conhecedor da política segundo a qual "em política, até o diabo é desenhado com roupa de santo".
O segundo é recriar a imagem do "novo" pensamento com diferentes objetivos, mas principalmente esconder dos menos atentos que esses personagens, ocupantes de lugares privilegiados da vida pública, não fizeram nada daquilo que prometeram fazer.
O terceiro é a busca desenfreada do voto junto a um eleitorado arredio diante das constantes notícias de falcatruas cometidas por muitos "representantes do povo", que se equivocam ao calcular os graus de conhecimento e indignação da sociedade como um todo.
Manchar a imagem da minoria que realmente honrou o voto popular para fazer parecer à sociedade que "os políticos são todos iguais" e tanto faz votar em um ou em outro também faz parte dessa estratégia facciosa.
Menos mal que, neste tempo pós-década infame, o eleitorado deixou de ser masoquista e passou a raciocinar muito mais sobre o que fizeram ou deixaram de fazer aqueles que hoje o assedia em busca do direito de continuar traindo o povo nas suas mais legítimas aspirações.
Nesta antevéspera eleitoral é lamentável, mas ao mesmo tempo necessário, ver e rever resíduos chocantes deixados por muitos dos personagens políticos em sua passagem pela vida pública, seja no Executivo, seja no Legislativo. Lamentável por constatar que o eleitor foi enganado mais uma vez, e necessário para que este mesmo eleitor não repita o erro votando novamente em figuras indignas da sua confiança.
Este é um momento em que o eleitor não deve aceitar os relatos fajutos de figuras com triste passagem pela vida pública, e que buscam na propaganda enganosa uma forma de se manter investidas da autoridade necessária para dar continuidade às suas tramas criminosas contra o Brasil e os brasileiros.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras