A sobrevivente turma de 1972
Alceu A. Sperança
O ano de 1972 foi fértil e perigoso. Para a angústia e tristeza da condição humana, nesse ano um avião que transportava jogadores de rugby caiu na Cordilheira dos Andes e os sobreviventes só resistiram ao isolamento até ser resgatados praticando o canibalismo.
Para o Brasil, a censura à imprensa não permitia saber que havia guerrilha rural e repressão aos insatisfeitos com o regime ditatorial. E dependendo do viés de cada um, o ano foi glorioso ou terrível porque nele nasceu o juiz Sérgio Moro, que se tornou mundialmente conhecido pelas condenações da Operação Lava Jato.
Mas para o bem, a alegria e a diversão, nesse ano foi inventado o walkman, inicialmente batizado como "Stereobelt" por seu criador, Andreas Pavel, amigo do jornalista Vladimir Herzog e do poeta Augusto de Campos.
Também para a alegria e a grandeza da aventura humana, foi nesse ano que surgiu a ópera-rock Tommy, da banda inglesa The Who, sobre a transitoriedade dos fanatismos político-religiosos, e saiu o perfeito disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento.
Lembranças, cada qual escolhe a sua
Para Cascavel, 1972 foi o ano em que teve início o ensino superior, foi inaugurado o Paço das Artes, antes prédio da Prefeitura e agora sede da Biblioteca Pública e do Museu de Artes, Pedro Muffato se elegeu para administrar essa mesma Prefeitura e também houve a formatura de uma turma muito especial do curso Científico do Colégio Wilson Joffre.
Alguns a vida levou, casos de Luceni Passos e Carlos Alberto Doro. Muitos sofreram dificuldades por viver em um período de liberdades restritas e problemas acumulados.
Mas a maioria sobreviveu, muitos fizeram história em suas atividades e em geral se destacaram nas atividades que desenvolveram nos últimos 50 anos.
Será em homenagem a esse meio século que a turma do 3º Científico do Colégio Wilson Joffre formada em 1972 vai se reunir neste novembro em sessões de comemoração e nostalgia.
Todo este espaço seria pouco para contar a história de cada um, mas a trajetória do advogado de projeção nacional, professor, vice-prefeito, diretor da Codevel (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Cascavel) e escritor Adelino Marcon sintetiza o esforço, a inteligência e a ativa participação de todos os formandos de 1972.
Atenção aos sobrenomes
Pela lista a seguir muitos leitores terão suas próprias e específicas recordações de vários deles, inclusive se perguntarão por que nunca mais ouviram falar de vários deles, que a vida levou para a capital paranaense, outras cidades do Estado e diversas regiões do país:
Adelino Marcon
Anaide Ribeiro de Campos
Angela Cristina Lacet Batista
Antônio Paulo Luzzi
Antônio Zanette
Arcy Wasilewski
Carlos Alberto Doro
Celso Cruz
Clóvis Batista da Silva
Demétrio Gulak
Dirceu Ferreira
Dulce Cortese
Edy Finger
Elio Beuter
Heitor José Pereira
Iolanda Marlene Kruger
Israel Martinazzo Piacentini
Italina Lain
Ivalino Scanagatta
Ivanir Predebon
Jeime João Argenta
João Breitembach
João Pereira Vianna
Jorge Aquio Matsuda
José Alberto Oliveira
José Carlos Antoniassi
Lari Pedro Schäffer
Lenir Bruning
Leonardo Castilho
Louise Pereira Tomé
Lourdes Vicenti
Luceni Passos
Luiz Cláudio Caramori
Luiz Pezzini
Luiz Roberto Castellar
Maria da Graça da Silva
Maria de Fátima Pozzobon
Maria Munaretto
Maria Lopes Pequito
Maria Teresa Macedo
Martin Lourenço Lara
Miriã Kruger
Neusa Vestfal da Silva
Nito Novelli Schio
Osmar Köhler
Osvaldo Missaka
Roberto Luiz Girardello
Rosilene Bernardelli de Godoy
Sebastião Alves Bandeira
Úrsula Anelda Kopp
Valacir Cardoso de Lima
Valéria Eleanora Gorski
Vanda Maria Tecchio
Victor Spada
Alguém rodou de ano
A turma recebeu o nome do professor Ricardo Antônio Gonzales Benítez, um dos primeiros da futura Unioeste, e teve como paraninfo o professor e engenheiro agrônomo Antônio Reis, o responsável por tirar a agricultura regional do estágio primário e abrir caminho ao agronegócio baseado no desenvolvimento tecnológico.
Cada um dos nomes citados merecia um artigo à parte, sobre trajetória pessoal, família e atividades desenvolvidas. Trata-se de uma geração que trabalhou muito para que Cascavel chegasse ao atual perfil metropolitano.
Também fiz parte dessa turma, só encontrei amigos em toda ela e escapei de aparecer nessa lista porque o movimento estudantil me fez perder muitas aulas.
Em resumo, eles e elas foram diplomado/as (diplomades, para quem preferir) e eu rodei.
Alceu A. Sperança é escritor e jornalista - alceusperanca@ig.com.br