Transporte, o maior obstáculo ao desenvolvimento do Brasil
Dilceu Sperafico
O poder público, de todas instâncias e independentemente da ideologia de seus integrantes, além de cumprir compromissos sociais assumidos com os cidadãos, como reduzir a fome, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida da maioria da população, precisa atender anseios e necessidades dos principais segmentos produtivos do País. Como é investir pesado na melhoria da infraestrutura ou logística de transporte, especialmente no rodoviário e ferroviário, reduzindo custos com combustíveis e manutenção dos veículos.
Isso porque o desenvolvimento econômico e social do País, com contratação de empregados, agregação da valores à produção primária, recolhimento de tributos e geração de novas oportunidades de investimentos, passa sempre pela transferência de insumos para as propriedades rurais, cultivo e colheita de grãos, criação de animais, remessa da produção às agroindústrias ou portos de exportação, até a entrega dos alimentos disponíveis ao comércio atacadista e supermercados.
Conforme pesquisa do Instituto FSB, para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o principal gargalo da expansão e modernização do setor fabril brasileiro atualmente é o transporte. A deficiência foi citada por 73% dos entrevistados, em sondagem que consultou 2,5 mil executivos de empresas de médio e grande porte, entre 23 de junho e nove de agosto deste ano. As demais dificuldades citadas pelo empresariado foram bem menos expressivas, como energia, citada como principal gargalo por 13%, saneamento por 6,0% e telecomunicações por 5,0%.
Dos entrevistados que consideraram o transporte em caminhões e/ou trens como o principal entrave para a expansão de suas atividades, 77% informaram que as maiores dificuldades enfrentadas estão relacionadas à má qualidade e falta de manutenção de rodovias. Entre essas falhas, destacam-se a ultrapassada infraestrutura das rodovias existentes, destacando a necessidade de ampliação e duplicação da maioria dos trechos utilizados.
Conforme especialistas, não por acaso, as duas principais obras para melhorar o contexto da indústria brasileira mais citadas pelos empreendedores, foram justamente a melhoria da infraestrutura das estradas existentes, reivindicada por 36% dos entrevistados, ampliação e/ou duplicação das rodovias por 31% e ampliação da malha ferroviária, reclamada por 19% dos empresários,
De acordo com o levantamento, 38% dos industriais brasileiros afirmaram que trocariam o frete rodoviário por outro tipo de transporte, como o ferroviário e fluvial, caso houvesse iguais condições estruturais entre os modais.
As ferrovias seriam a primeira alternativa para 28,5% dos industriais brasileiros para transferir as operações de recebimento de matérias-primas e escoamento de seus produtos. Só não o fazem porque avaliam que hoje o setor ferroviário apresenta as piores condições entre os atuais tipos de transportes do País. Tanto que 63% consideraram esse modal regular, ruim ou péssimo. Atualmente, somente 8% das indústrias usam ferrovias para transportar sua produção até centros consumidores ou portos de exportação.
As principais razões apontadas pelos 2,5 mil executivos entrevistados para mudar a operação de transporte para outro modal seriam a perspectiva de redução de custos, lembrada por 64% e a maior agilidade para a entrega dos seus produtos aos distribuidores, comerciantes e exportadores, lembrada por 16%. (Foto: Valter Campanato/AGBR)
Dilceu Sperafico é deputado federal eleito - dilceu.joao@uol.com.br