Lei para que, cara pálida?
Um dos principais autores da época do renascentismo (uma espécie de bem bolado entre a Idade Média e a Modernidade) e defensor contumaz do absolutismo (uma espécie de salvo conduto para o governante de plantão fazer valer a sua vontade, independente do que diz a lei), Nicolau Maquiavel deixou cunhada uma frase que até hoje faz muito sentido como retrato de uma realidade que insiste em não se modificar: "Aos amigos tudo; aos inimigos, a lei!"
Pois parece ter sido inspirada nele (Maquiavel) que nossa suprema corte eleitoral, o TSE, decidiu nesta quinta-feira (13) voltar a intervir no processo eleitoral, mais especificamente no que se refere à contrapropaganda, aquela artimanha em que um candidato tenta desmerecer o outro na tentativa de mostrar ao eleitor, muitas vezes sem a devida convicção, não que "eu sou melhor do que ele", mas sim que "ele é pior do que eu".
Primeiro, os nobres ministros determinaram que a produtora de vídeos Brasil Paralelo excluísse imediatamente do Twitter a publicação rememorando um rosário de escândalos de corrupção da época em que Luiz Inácio Lula da Silva era presidente, como se não soubessem do fato dele ter permanecido 580 dias preso Curitiba, após ser condenado e recondenado em diferentes instâncias da Justiça brasileira, até o Supremo entrar em cena e dizer que houve "erro de formalidade".
Depois, por unanimidade, proibiram a veiculação de trechos de uma infeliz entrevista de Bolsonaro ao The New York Times, em 2016, dando uma espécie de aval ao canibalismo. "É para comer. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado", disse ele na ocasião, em mais uma patética manifestação dentre tantas que hoje são claros embaraços ao andamento de sua campanha à reeleição.
Diante disso, há de se perguntar: se é para deixar tudo por conta desses poucos poderosos, para que mantermos 513 deputados federais e 81 senadores lá em Brasília, e a um custo de ouro, especialmente para fazer leis e garantir que elas sejam cumpridas? (Imagem: Reprodução internet)