O voto é teu e o boi não lambe
Vinda ainda do tempo da escravidão, em alusão ao fato de que muitos escravos com as costas sangrando de chicote eram colocados para serem lambidos por bois com suas línguas ásperas para serem ainda mais castigados, a expressão "você é meu e o boi não lambe" segue atualíssima no Brasil, ao menos quando o tema são os bastidores da nossa política, repleta de blefes e desprovida do respeito com que todos deveriam ser tratados.
Prova disso é a enxurrada de denúncias de assédio eleitoral registradas nos últimos dias - coisa, diga-se de passagem, que sempre aconteceu, mas talvez não em patamares tão elevados. Há inúmeros casos principalmente empresários "intimando" funcionários por escrito a votarem no candidato de sua preferência, ignorando assim que o voto direto e secreto é um direito constitucional e uma ferramenta indispensável para o exercício da verdadeira democracia. Fato, lembra com propriedade o leitor e amigo Hélio Jost, que se repete também em muitas igrejas.
Essa prática está tão escrachada que, no Paraná, levou o Ministério Público do Trabalho a se manifestar nesta semana, por meio de nota oficial alertando que "ameaças a trabalhadores para tentar coagir a escolha em favor de um ou mais candidatos ou candidatas podem ser configuradas como prática de assédio eleitoral e abuso do poder econômico do empregador, passíveis de medidas extrajudiciais e/ou judiciais na esfera trabalhista e criminal".
A propósito, o art. 301 do Códio Eleitoral é bastante claro sobre este assunto, prevendo "pena de reclusão de até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa", nos casos em que essa ilegalidade estiver configurada. (Foto: Reprodução Youtube)