Um País resumido a dois nomes
Um dos mais recentes levantamentos a respeito, feito pela revista Forbes, dá conta que chega a 41% da população o índice de brasileiros que não se interessam pela política, que neste período eleitoral deveria ser tema de debate no café, no almoço e na janta - mas, claro, sem esse radicalismo quase insano que tem provocado brigas diárias entre familiares e amigos e até mortes, como ocorreu recentemente em Foz do Iguaçu (PR), Confresa (MT) e Salto do Jacuí (RS).
E o desinteresse pela política leva não só à falta do debate sadio, mas também à formação de verdadeiros currais eleitorais, onde a maioria esmagadora do eleitorado vota em peso em um determinado candidato pelo simples fato de que assim foi ordenado pelo coronelismo que impera na cidade, uma herança ainda da época da escravidão, supostamente abolida no Brasil no distante 13 de maio de 1888.
Isso ajuda a explicar o fenômeno que tornou uma cidade nordestina "a mais lulista" e outra sulista "a mais bolsonarista" do Brasil. O primeiro caso é Central do Maranhão (MA), que tem algo próximo de 7 mil eleitores e deu esmagadores 97,20% dos votos para Lula na eleição presidencial de 2006. E o segundo é o de Nova Pádua (RS), que tem em torno de 2,5 mil eleitores e deu 92,96% dos votos a Bolsonaro na eleição presidencial de 2018.
E mais: ajuda a explicar também o fato de o debate eleitoral brasileiro estar centralizado praticamente apenas em torno desses dois nomes desde muito tempo atrás, quando 16 milhões dos 156 milhões de eleitores do País estão filiados a partidos políticos e, portanto, atendem ao requisito número um para se candidatar - no caso de presidente, vale lembrar, outro requisito importante é ter no mínimo 35 anos. (Fotos: AGBR)