Tempos eleitorais - pipocas políticas (3)
J. J. Duran
Antes que o sol da democracia se ponha, é preciso reconhecer que a mediocridade política atingiu níveis lamentáveis.
A sociedade está adoecida pela extravagância e pela mediocridade de muitos daqueles que se apresentam como candidatos ao voto, símbolo maior da democracia.
A polarização política se tornou um fenômeno global e só faz dividir a sociedade e explorar ideologias exacerbadas nas redes sociais e parte dos meios de comunicação.
Carl Schmitt, teórico alemão de inegável inteligência política, alertou sobre o cuidado que precisam ter os homens públicos com seus discursos políticos.
Quando se fala à sociedade se sabe que nem todos os ouvintes têm o mesmo nível de cultura, por isso o discurso do ódio comete grave erro ao rotular um adversário qualquer de inimigo.
O recente ataque à vice-presidente da Argentina é prova irrefutável de que a violência discursiva se converte em violência física.
O discurso de ódio começa com o insulto e a humilhação dos inimigos, e no dicionário de quem o pratica não se encontra o vocábulo adversário, apenas inimigo, o que acaba demonizando o cenário democrático.
A sociedade como um todo, mas especialmente aquela parcela que aprecia a política, é influenciada por uma lógica tola a respeito do que realmente significa "liberdade de expressão".
Na cultura do discurso do ódio se generaliza o sentimento exclusivista e todos que se opõem ao pensamento do líder formam parte de uma trama negacionista retrógrada.
Esse discurso tóxico produz a negação da responsabilidade democrática que o indivíduo precisa ter como parte da sociedade como um todo.
A História está repleta de exemplos de que quando a dinâmica dos conflitos políticos e institucionais se espraia pelo espaço público evidencia-se uma perigosa escalada da violência, com consequências sempre trágicas.
Nélson Rodriguez escreveu certa feita que "os idiotas vão dominar o mundo. Não pela sua capacidade, mas pela quantidade".
Fiquemos com esse e outros sábios ensinamentos e, na hora de votar, pensemos nas futuras gerações. (Foto: Akira Giulia/Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná