Tempos eleitorais - pipocas políticas (1)
J. J. Duran
Para começar nossas pipocas políticas, e antes que o sol se ponha na democracia indo-americana, é preciso dizer que nem toda imprensa é canalha. Muitos de nós sacrificamos tudo que tínhamos, inclusive as famílias, pela profissão.
Os jornalistas que jamais calaram nas horas tristes da democracia, ainda que fechados em cubículos, transformaram a verdade numa espécie de religião para assegurar 0a liberdade e o direito de opinar.
Essa é uma verdade que sacode sociedades espoliadas e torturadas, porém não silenciadas. Vale a pena defender esse direito sem usar a liberdade com libertinagem, porque nós também somos seres humanos.
A indo-América, Brasil incluído, sofre da falta de cultura política. Evangelizou-se como assustadora gripezinha a pobreza moral do pensamento dissidente. Suprimiu-se o diálogo e se banalizou o discurso. Criou-se um novo vocabulário, no qual a palavra inimigo floresceu em uma terra inculta, ferozmente acusadora e depreciadora do diálogo.
Todos nós desejávamos ser irmãos quando não estávamos dizendo amém, mas aí o sol da democracia começou a escurecer para dar passagem ao entardecer melancólico dos mitos e uma importante parcela da sociedade se radicalizou.
No caso brasileiro, hoje grande fatia do eleitorado é ferozmente antipetista, e uma ordenada grei que, sob a orientação de líderes evangélicos, colocou no breviário político a onda religiosa conservadora, mas intolerante. E muito diferente disso não era durante governos imediatamente anteriores.
Nesse contexto, até o Bom Judeu seria rapidamente rotulado de comunista ou fascista. Por isso, o eleitor deve votar com consciência e responsabilidade e não influenciado pelos radicais defensores de um tempo que vai se esgotando politicamente. (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná