Cascavel encontrou um método vencedor para estimular o empreendedorismo inovador. É o Radar de Inovação, iniciativa da Fundetec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com a colaboração de entidades, instituições de ensino e outros atores do ecossistema de inovação local. O lançamento de um edital, que neste ano atraiu 76 startups, premiou 20 delas com R$ 20 mil cada, para o desenvolvimento de seus projetos. A AcicLabs, hub e aceleradora da associação comercial, é uma das parceiras da Fundetec no Radar de Inovação.

Duas das três empresas classificadas nas três primeiras colocações participaram, na manhã desta quarta-feira, da reunião de diretoria da Acic.  "Estamos diante de um mundo novo e fascinante, repleto de oportunidades. Temos que também ser protagonistas dessa mudança", afirmou o vice-presidente da entidade Siro Canabarro. As startups selecionadas do primeiro ao terceiro lugares receberam outros R$ 20 mil cada para fazer suas ideias rodar a todo vapor.  "Essa é uma parceria que faz bem ao município, às empresas e à economia", destacou o executivo da AcicLabs, Sergio Altavini.

A empresa classificada em primeiro lugar é a Avant Sementes e Drones, que atua no campo da geotecnologia. O doutorando Felipe de Lemos Nobre informou que a atuação ocorre nas áreas de monitoramento de lavouras com drones e pulverização localizada de herbicidas. As duas soluções oferecem agilidade, economia no uso de recursos, maior eficiência técnica e operacional e sustentabilidade no manejo. Felipe lembrou que no início de sua carreira as leituras eram feitas a partir de imagens de satélite e que agora usam o melhor em recursos da geotecnologia.

Na solução completa, que oferece os serviços de monitoramento com drone e pulverização localizada, a economia, considerando a área total de cultivos do País de 73,4 milhões de hectares, seria de R$ 11 bilhões. Essa área recebe soja, milho, trilho, arroz e feijão e cada uma dessas culturas requer de duas a três doses de herbicidas por safra. Com a aplicação eficiente, a redução no uso de defensivos chegaria a seis bilhões de litros. Com a solução da empresa e a aplicação apenas nos pontos necessários um trabalho que poderia  demorar três dias, caso toda área recebesse o defensivo, ser então realizado em duas, três horas.

O monitoramento com drones possibilita rapidez na detecção de algum problema, agilidade na ação corretiva e redução de perdas, segundo Felipe. Ele acontece por meio de imageamento com drone, processamento, geração de mapas, compartilhamento interativo e suporte ao cliente. Felipe falou da validação, em área da Fundetec, com o monitoramento da cultura de soja. Há emissão de relatório agronômico em cada levantamento, seleção do índice que melhor responde a cada situação, possibilidade de manejo localizado a cada disfunção e compartilhamento interativo com ferramentas amigáveis.

HUB CIENTÍFICO

As experiências acadêmicas que teve, principalmente no doutorado, serviram de inspiração para um negócio que daria uma guinada na carreira profissional de Melina Melito. A bióloga com doutorado em Ecologia percebeu, em sua trajetória acadêmica, que 60% dos alunos desistem da pós em algum momento e por inúmeros fatores. Analisando essas informações, ela percebeu a oportunidade de criar uma empresa inovadora, a sciBees, que almeja ser o primeiro hub científico do Brasil.

A fundadora e CEO da sciBees falou aos diretores da Acic do projeto em andamento e premiado em terceiro lugar no Radar de Inovação. O hub é destinado a alunos da graduação, pós-graduação, docentes, pesquisadores e instituições do ensino superior. O modelo de negócios tem quatro pilares: assessoria, capacitação, certificação e oportunidades. A área que contempla a assessoria é ampla: geoprocessamento, mentoria, normatização, levantamento e análise de dados, revisões ortográfica e crítica e análise especial de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses.

Melina informou que há um banco de talentos, de mestres e doutores terceirizados, que participa de etapas importantes de todo o acompanhamento. Há também escala em algumas etapas, com automatização em normatização, tradução e revisões ortográfica e crítica. Nos três primeiros passos ocorre, inclusive, utilização de Inteligência Artificial. Há no País nove milhões de alunos distribuídos por 2,5 mil instituições de ensino que se tornam potenciais consumidores da solução desenvolvida por Melina. Ela também falou em monetização, gameficação, projeções de mercado e da ajuda que o prêmio do Radar de Inovação trará para avanços em sua startup. (Foto: Divulgação)