Da casa para a roça: mulheres assumem protagonismo no agro
A expressiva participação de mulheres agricultoras foi uma das tônicas do segundo dia de visitas ao Show Rural Coopavel de Inverno, ontem (24). Produtoras rurais de diversos municípios da área de abrangência da cooperativa, no Oeste e Sudoeste do Paraná, estiveram no parque na quarta-feira para participar de uma programação especialmente dedicada à mulher. Os organizadores afirmam que 1.250 agricultoras lotaram os dois auditórios do espaço Paraná Cooperativo e refletiram sobre temas relevantes do cotidiano delas no agronegócio.
"Inserir a mulher como parte integrante do agro é um dos objetivos da Coopavel, há muitos anos atenta à crescente participação feminina nas decisões da propriedade rural", disse o presidente Dilvo Grolli, citando as ex-ministras britânica, Margaret Thatcher, e alemã Angela Merkel, e a brasileira Irmã Dulce como personalidades de grande inspiração à atual geração de líderes agricultoras. "As produtoras rurais assumem papel preponderante na nova revolução do agro, centrada na inovação e na sustentabilidade", destacou.
DEBATE
Com o tema "É tempo de mulher no agro e no mundo", a programação especial foi aberta com um debate com a participação da coordenadora de Demanda da Basso Pancotte/Linha Verbac, Josiane Mangoni; da agrônoma de Desenvolvimento de Mercado da FMC Sara Carrera e dos facilitadores Camila Tartari, agrônoma da Coopavel, e do administrador Luiz Antonio Tiradentes. Josiane abriu os comentários dizendo que a presença da mulher em várias atividades, principalmente na cadeia do agro, traz um olhar mais fino e apurado sobre investimentos e inserção dos filhos no negócio.
A mulher está à frente da gestão de um milhão de propriedades rurais pelo Brasil afora, com 30% de participação delas nas mais diversas atribuições no campo. E esse envolvimento aumentou 38% apenas nos últimos anos, pontuou Sara Carrera. "A mulher traz consigo uma visão mais holística, crítica, sensível e corajosa para tratar de uma elevada gama de assuntos. Ela também é multi-habilidades e tem tenacidade para enfrentar os mais duros desafios", acentuou a engenheira agrônoma.
Luiz Tiradentes, por sua vez, fez um relato de antigos e novos padrões observados no cotidiano das propriedades rurais e da evolução percebida ao longo dos anos. De acordo com ele, a produtora rural tem, entre outros, colaborado para a diversificação das fazendas. Os debatedores ainda falaram de sucessão e da mulher como elo entre os filhos e à empresa rural. "Venho de família de agricultores e, desde pequena, observo como as relações acontecem nesse ambiente. Posso dizer que as mulheres da família sempre tiveram voz ativa em decisões estratégicas para o futuro do negócio. Essa participação está no nosso DNA", afirmou.
O interesse pelo conhecimento e a participação ativa da produtora rural em sindicatos e associações (57% são filiadas a alguma entidade) dão à mulher condições diferenciadas para agir proativamente na sucessão familiar, um desafio à grande maioria das propriedades pelo País até recentemente. Sara identifica, entretanto, alguns limitadores, como carência de indicadores e de informações alicerçando e dando mais segurança às escolhas da família. "Com sua alta escolaridade e crescente presença à frente das decisões, a produtora rural pode ajudar a mudar esse contexto", complementou Tiradentes.
As mulheres prestigiaram outra atividade no Show Rural Coopavel de Inverno: palestra sobre Nutrição e autocuidado, com a psicóloga Raquel Bruchi Kremer e profissionais da área de saúde da FAG. Elas também participaram do sorteio de brindes e confraternizaram em momentos especiais de socialização, conforme Fernanda Fabris, psicóloga analista do setor de Recursos Humanos da Coopavel. Todas as atividades ligadas à mulher produtora rural contaram com consultoria especial da equipe da Academic Ventures. (Foto: Divulgação)