Cooperativas impulsionam piscicultura no Oeste do PR
O Deral (Departamento de Economia Rural) estima que em cinco anos a piscicultura paranaense dobre sua produção, crescendo a uma média de 20% ao ano. Se os prognósticos se concretizarem, o volume de peixes cultivados no Paraná saltará de 188 mil toneladas para 376 mil toneladas até 2027. Hoje, o Estado produz mais de um terço dos peixes de cultivo criados no País.
"É uma cadeia ainda pequena em comparação com a soja, mas com um enorme potencial de crescimento. O peixe é uma proteína nobre, que tem tido uma procura cada vez maior. Hoje, a piscicultura paranaense gera cerca de R$ 1 bilhão por ano. A nossa projeção é de que a atividade passe a movimentar R$ 2 bilhões dentro de quatro anos", aponta Edmar Gervásio, especialista do Deral que acompanha a cadeia.
Alguns fatores explicam a hegemonia paranaense quando se fala desse assunto. Para o presidente da Comissão Técnica de Aquicultura do Sistema Faep/Senar-PR, Edmilson Zabott, o Paraná saiu na frente por ter sido o primeiro a apostar na produção de tilápia em escala significativa. Além disso, a piscicultura se adaptou bem às condições de produção do Estado, principalmente nas regiões Oeste, Noroeste e Norte. O clima propício, com períodos curtos de frio, favorece o cultivo de peixes em pequenas e médias propriedades, coexistindo com outras atividades agropecuárias.
"A piscicultura se consolidou dentro de uma visão de diversificação. O produtor aproveita áreas que, por exemplo, não são agricultáveis e instala os tanques, criando uma nova oportunidade de negócio. O Paraná é, hoje, o grande mestre nessa produção", disse Zabott. "No começo da década de 1990, a Emater trouxe a tilápia como oportunidade. E com a vocação e a coragem dos produtores em desenvolver novas cadeias, começamos a nos destacar", contextualiza.
As cooperativas tiveram papel fundamental no desenvolvimento da atividade, na medida em que ajudaram a estruturar e estimular a cadeia e, por meio da instalação de frigoríficos que abatem e processam os peixes. A C. Vale, com sede em Palotina, deu início ao sistema de integração para produção de tilápias há quatro anos e hoje processa 100 mil unidades por dia, fornecidas por mais de 200 cooperados. A região Oeste responde por 70% da produção estadual, principalmente nos municípios de Nova Aurora, Toledo e Palotina - os três maiores produtores do País.
"A região Oeste foi a pioneira e as cooperativas deram o grande impulso. Primeiro, veio a Copacol, que instalou o primeiro frigorífico, depois a C. Vale e, em seguida, outras empresas do ramo", disse Zabott. "A tendência é de que as cooperativas capitaneiem o crescimento da cadeia, a partir de um modelo de integração, como é o de aves e suínos", aponta Gervásio.
TAXAS MAIS BARATAS
No mês passado, técnicos do IAT (Instituto Água e Terra) revisaram os parâmetros para a definição de taxas pelos serviços de licenciamento ambiental e outorga da água, necessários para o cultivo de peixes em escala comercial. Esse trabalho, feito a pedido do Sistema Faep/Senar-PR, resultou em casos de produtores rurais economizando até 50% nos valores cobrados pelos procedimentos. Dependendo da situação, a economia chega a R$ 2 mil, conforme simulação do IAT.
A economia ganha ainda mais importância quando se analisa o número de pedidos em um período maior. Segundo o IAT, de 30 de agosto de 2021 a 19 de julho de 2022 foram emitidas 363 licenças. Dessas, 191 foram Dispensas de Licenciamento Ambiental, que não têm cobrança de taxa. O segundo tipo mais demandado foi a Licença Ambiental Simplificada, com 60 emissões.
Outro aspecto que tem sido revisto são os dados gerados para definir as vazões de cursos d’água. Há uma limitação das estações de medição fluvial (água dos rios) que geram informações. Saber quanto de água há disponível nos rios é fundamental para liberar ou não o uso de água para novos empreendimentos. Existe a expectativa de que o investimento na aquisição e instalação de 280 novas estações entre no próximo orçamento do Estado. (Foto: Jonathan Campos/AENPR)