Liberdade e democracia
J. J. Duran
Na vida dos povos, todas as vezes que se menospreza o direito e se tenta suprimir ou reduzir a liberdade, o que assistimos é a implantação do autoritarismo na sua forma clássica de despotismo ou nas suas nuances mais brandas, mas não menos funestas, das autocracias salvadoras que os aprisionaram em uma imensa rede de interesses subalternos.
No mundo inteiro há abundantes exemplos de pseudos líderes que, em suas cruzadas redentoras, agiram como se estivessem iluminados pelo Espírito Santo e acabaram por patrocinar o atraso de seus países.
Nesses homens não percorre a espinha, nem mesmo por um breve momento, o frio das usurpações que cometem. Eles não se detêm um instante sequer refletir sobre os atentados que cometem e nem se intimidam com o inevitável julgamento da História, agarrando-se ao poder como ostras ao rochedo.
O poder é buscado a qualquer preço, ainda que para mantê-lo seja necessário trair os próprios princípios, e usado como instrumento de imposição daquilo que acreditam ser verdades absolutas e irrefutáveis.
Seja por incapacidade política, seja por imposição da vontade do círculo transitório do poder, sempre que isso acontece o debate é eliminado e as regras basilares do processo democrático são solenemente ignoradas, como se a nobreza de um governante não estivesse na sua capacidade de ouvir, compreender e dialogar.
Nas horas críticas do mundo globalizado, quando os cataclismos sacodem os povos sem distinção de cor, raça ou poder econômico ou militar, quando se eclipsam os valores perenes da verdadeira nacionalidade, tornam-se imprescindíveis a união de propósitos e a sintonia das aspirações políticas e das pessoas para salvaguardar a sociedade angustiada e insegura quanto ao seu futuro.
Aos homens públicos míopes e seus seguidores é imperativo compreender que conciliar sem acomodações subalternas é restaurar plenamente a vontade do povo, expressa através do voto.
É preciso proclamar a liberdade, o respeito e a democracia, dar um basta aos sonhos embriagados e ameaçadores e olhar para o lado para reencontrar os verdadeiros amigos.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná