Dirigir, um sofrimento para muitos
Elis Gislaine Marques Sbardelotto
O medo de dirigir um veículo motorizado é chamado ¨Síndrome do carro na garagem" e caracterizado por um temor excessivo e persistente diante do ato ou da possibilidade de assumir o volante.
Os sintomas são variados, dentre eles ansiedade em um grau elevado, desconforto emocional e reações físicas, como aumento dos batimentos cardíacos, suor excessivo, tremores nas pernas e nos braços, boca seca, tonturas e mal estar gástrico. Essas reações tornam o ato de dirigir um intenso sofrimento.
Normalmente, pessoas que sofrem dessa síndrome são responsáveis, cautelosas, preocupadas consigo e com os outros, autocríticas, e tendem a ser perfeccionistas.
Mas por não admitir a hipótese de errar, acabam sofrendo antecipadamente pelo erro, ficando magoadas com as críticas e exigindo de si mesmas e dos outros uma conduta sempre acertada. É como se todos as avaliassem o tempo todo, quando na verdade elas próprias são seu mais exigente juiz.
Por sentirem-se incapazes de superar seu medo de dirigir, tendem a evitar ou fugir da situação, inventando muitas vezes desculpas com o objetivo de prevenir críticas e se sentir constrangidas. Seguem, então, uma vida cheia de dependências e privações que terminam por prejudicar significativamente a qualidade de vida e a autoestima, podendo até mesmo impedir a realização tanto pessoal quanto profissional e levar a uma sensação de fracasso.
Muitas pessoas preferem deixar o carro na garagem pois, para elas, dirigir significa se expor a uma situação de estresse muito grande. Em muitos casos, tiraram a carteira de habilitação e fizeram todo o treinamento necessário, mas ainda assim se sentem despreparadas para enfrentar seus medos e desacreditam da própria capacidade de dirigir. Foram aprovadas pelo órgão competente, mas não por si próprias.
Esse problema só pode ser resolvido quando a pessoa enfrenta a situação que lhe causa tanto medo e desconforto, desenvolvendo uma postura desafiadora e, de forma gradativa, enfrentando esse "inimigo".
Mas sempre com respeito aos seus limites e enfrentando uma etapa de cada vez, de forma a se sentirem mais seguras, vencerem suas limitações e seguirem em busca de novas conquistas. (Foto: Detran)
Elis Gislaine Marques Sbardelotto é formada em Psicologia Hospitalar e Orientação Vocacional, especializada em Psicologia Familiar Sistêmica e perita Avaliadora de Trânsito - CRP-08/13639 - Contato: (45) 99912-8788