O efêmero negacionismo
J. J. Duran
Ao contrário do que alguns imaginam, a falta de transcendência não é a causa da morte da democracia. Há que compreender que o sistema democrático se torna mais estável quanto mais avançam os efêmeros ideólogos, que fortalecem o espírito dos que respeitam o pluralismo de ideologias.
Aqueles que gostariam que o Estado unificasse pela força o pensamento da massa cidadã se tornam uma fração do coletivo com pensamento único e ação servil em defesa dos efêmeros gestores das cruzadas redentoras.
Há que compreender e aceitar que o futuro não surge de forma espontânea, sem aportar sua quota lógica em toda transformação sociopolítica e ideológica dos conflitos que o fato requer.
Os chamados mitos, criação uniforme dos apaixonados sem ideologia própria, sempre existiram e sempre existirão, e sempre com novas caras, novos slogans disparatados, discursos sem conteúdo e a comum vociferação do autoritarismo.
A modernidade e o raciocínio temperado com a necessidade de colocar o diálogo acima do confronto são conquistas de um espaço que torna o sistema democrático único e com capacidade de sobreviver no novo espaço proposto e aceito pela racionalidade que impõe a cultura política.
Somos testemunhas vivas do fracasso de muitas utopias construídas por caminhos não pacíficos. Um fracasso originado das irrupções autoritárias e depreciativas do conhecimento sem o qual inexistem possibilidades de se chegar a um futuro desejado por todos que fazem da livre opinião e do respeito ao pensamento dissidente uma espécie de receituário da verdadeira democracia participativa.
Há que exigir democraticamente dos candidatos políticos que mostrem biografias autênticas e comprovem preparo para lidar com a vida pública, pois na História sobejam exemplos de homens sedentos de poder que pisotearam a lei para se tornarem uma espécie de "Césares" do negacionismo.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná