Maus-tratos a animais movem debate sobre políticas públicas
A violência extrema contra animais é um sinal de alerta que não pode ser banalizado. Na região Oeste do Paraná, vários casos têm ganhado repercussão, e coincidência ou não, os atos foram praticados por adolescentes.
Em Cascavel, um gato foi arremessado a vários metros. O agressor tem 17 anos e segundo a Polícia Civil, poderá responder por ato infracional equiparado ao crime de maus-tratos de animais.
Em Cafelândia, um adolescente de 13 anos esfaqueou um cachorro. Ele contou que atraiu o animal que estava na rua com a intenção de matar. Nos fundos da casa, a Polícia localizou uma cova, que já estava preparada para enterrar o animal.
As duas situações reforçam a necessidade de um olhar atento dos pais sobre os filhos, bem como das autoridades. Para a advogada animalista Evelyne Paludo, atitudes assim podem esconder cenários ainda mais preocupantes. "Um adolescente pode replicar em animais a violência que ele sofre em casa. Quando falamos em denunciar situações de maus tratos, é por isso. Ao investigar, a Polícia Civil pode desmantelar uma cadeia de maus tratos em que o adolescente pode ser a vítima".
Evelyne vai além, destacando a amplitude que esta violência pode alcançar quando o indivíduo chegar à vida adulta. "Se a família banaliza a violência que o adolescente comete contra animais, esse indivíduo será formado com uma base de que pouco importa o sofrimento do outro. A violência começa com uma vítima não-humana e pode tomar proporções maiores. Mesmo que você não se importe com os animais e não tenha afeição, não banalize a violência", orienta a advogada.
SAÚDE
Sobre investimentos na área da saúde, uma estimativa apontada pela advogada destaca que para cada R$ 1 gasto pela pasta da Saúde no controle populacional de animais de rua e de animais de famílias em vulnerabilidade social, economiza-se R$ 27 na saúde humana. "Quando a gente tem o atendimento aos animais dessa família de forma preventiva (vacinação e vermifugação, por exemplo), a gente tem automaticamente um reflexo no custo da saúde humana. A sociedade só se desenvolve", sustenta.
Políticas públicas e violência contra animais fazem parte dos temas que serão discutidos na 1ª Conferência do Bem, que acontecerá neste sábado (25), no Teatro Sefrin Filho, em Cascavel, das 09h às 18h, numa promoção da ONG Latidos do Bem. As inscrições são abertas ao público ao custo de R$ 20 ou 2 kg de ração. (Foto: Divulgação)