Um País dividido pela elite endinheirada
J. J. Duran
No curso do governo Temer, de triste lembrança, Sergio Moro criminalizou a política e os políticos, abrindo uma ampla avenida eleitoral para que o candidato da elite desfilasse tranquilo rumo ao poder republicano.
Bolsonaro, eleito e reeleito para inúmeras legislaturas de forma límpida e transparente, chegou ao poder sob esse sistema político-eleitoral e com a ajuda do togado justiceiro da corrupção e da "imprensa canalha".
O agora ex-juiz, jurista irretocável até o aparecimento de algumas verdades antes desconhecidas, foi onipotente dono da República de Curitiba juntamente com uma plêiade de colaboradores.
Esse construtor do triunfo de Bolsonaro, por quem foi depois batizado de Judas nas águas sempre violentas do autoritarismo, não se ruborizou e buscou se manter no pedestal edificado pela elite do atraso e seu pensamento patrimonialista para lançar-se à disputa eleitoral com conduta arrogante, voz monocorde sem filtro e ideias combativas da corrupção, seja ela política, empresarial ou das igrejas virtuais.
Isso levou ao colapso a luta contra a corrupção, hoje com pálido acompanhamento do eleitorado, porém refrescada pela pujante campanha dos mesmos meios de comunicação que tantos bons serviços a ela prestaram.
Vivemos um tempo no qual a mentira, o discurso falacioso e as intentonas descabidas em nome da justiça e da verdade vão sendo desmascarados pela verdade imposta pelo tempo, o senhor da razão.
O projeto reeleitoral do capitão presidente hoje divide perigosamente a elite endinheirada, em um cenário em que, de acordo com as pesquisas recentes, a maioria do povo prefere o passado lulista, com ou sem corrupção, ao presente dos desempregados e famintos.
Isso tudo mostra que não basta ser servil, nem aterrorizar um povo que está cansado de frustrações e desigualdades econômicas e sociais.
Vivemos hoje uma crise social sem precedentes, e não só no Brasil, mas em todos os países a indo-América onde o conservadorismo militarizado ressurgiu de suas tumbas graças a exitosas campanhas feitas pelos meios de comunicação a serviço do poder multinacional. Por isso, urge que não nos esqueçamos do passado e saibamos votar. (Foto: Reprodução internet)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná