Ereção a preço de ouro
A semana que fechou o mês de maio e abriu o mês de junho teve como personagens principais no cenário nacional os militares. E por duas razões que bem demonstram a desigualdade com que são tratadas desde sempre as diferentes classes de brasileiros.
A primeira foi um levantamento do economista Daniel Duque, do Centro de Liderança Pública, apontando que eles (os militares) tiveram ao longo dos últimos dez anos um ganho salarial de 29,6% acima da inflação e cinco vezes maior que o dos servidores federais civis, que foi de 6,3%.
Depois veio a público mais um capítulo da intrigante compra de 60 próteses penianas pelo valor de R$ 3,5 milhões e pagas, claro, pelo contribuinte. O fato em si já era público há vários dias, a novidade agora é a justificativa.
"Conforme relatório técnico, a prótese inflável é a prótese que mantém maior semelhança com a ereção fisiológica, pois há um mecanismo para fazer o pênis ficar ereto e voltar ao seu estado normal, além disso possui menor percentual de extrusão", explicou ao TCU (Tribunal de Contas da União) um hospital das Forças Armadas instado a esclarecer tal investimento. A justificativa vai além, alegando que as próteses mais baratas deixam o membro em permanente estado de ereção, "tendo o paciente que dobrar o pênis para vestir uma roupa".
São explicações técnicas que devem fazer todo sentido, mas faltou explicar por que essa compra precisava ser feita com recursos públicos e não bancada pelos próprios contemplados, que também devem ter se beneficiado dos R$ 33,5 milhões gastos de 2018 a 2022 pelas Forças Armadas na compra de 11,2 milhões de comprimidos de Viagra.
Como isso tudo parece uma grande piada, não custa deixar no ar uma observação bem menos mal humorada: o privilégio teria saído bem mais barato ao erário se, ao invés de próteses penianas, tivessem comprado massinha de modelar - kkk.