O autoritarismo na política
J. J. Duran
A crise enfrentada pelo Brasil - não de agora, mas de muito tempo atrás - só poderá chegar ao seu desfecho se o povo souber votar, pois como consequência de um longo período de escuridão democrática, graves deformações éticas e políticas acabaram por erigir no pensamento de certas cúpulas o autoritarismo como política básica de gestão de governantes saudosistas de um passado que não deixou saudades.
O destempero verbal e a intimidação são mostras da precária força que, por sua própria natureza, é uma ilusória mostra do poder, e não legitimam nem humanizam, apenas alimentam o servilismo da faixa domesticada do eleitorado.
Nos períodos de escuridão democrática sempre apareceram figuras fugazes que não se empenharam, uma vez no poder, em criar valores estáveis na relação com aliados e opositores, fazendo a maioria do povo mergulhar na apatia cívica e na mediocridade atropelada pelo imediatismo de sua sobrevivência.
A história indo-americana nos mostra de forma inequívoca que toda vez que se tentou eliminar o direito, suprimir ou reduzir a liberdade, se elevou o autoritarismo na sua forma clássica das autocracias salvadoras e reformistas sob a égide de homens pretensamente iluminados pelo Espírito Santo evangelizador dos costumes e que sempre deram as costas para o inevitável julgamento da História.
Os governantes autoritários sempre buscaram criar seu próprio sistema de absurda legalidade do seu poder, esquecendo-se que o poder é delegado pela maioria da população e exercido de forma transitória.
De tanto verbalizar suas descontroladas irrealidades, esses "iluminados" do obstucrantismo político apostam unicamente na imposição de suas verdades definitivas e indiscutíveis, eliminando o debate e obstaculizando o esclarecimento de sua conduta controversa.
Hoje em dia, governar um país como o Brasil é conciliar enquanto é tempo, mas para tanto é necessário que as urnas devolvam a vigência absoluta da ordem democrática, pois a República está farta da prepotência e da intolerância de governantes e opositores.
O voto é a ferramenta mais eficaz para restituir a fraternidade e a paz ofuscadas pelo autoritarismo. (Fotos: AGBR/STF/Redes Sociais)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná