Novo status sanitário do Paraná gera investimentos bilionários
O reconhecimento internacional do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação, concedida em 2021 pela Organização Mundial da Saúde Animal, completa um ano nesta sexta-feira (27) com números que demonstram em bilhões os seus efeitos. Isso vem abrindo novos mercados às proteínas animais produzidas no Estado, inclusive de países que pagam melhor. E esse novo status também foi incrementado pela classificação do Paraná como zona livre de peste suína clássica independente.
Os reflexos dessas duas conquistas já podem ser notados no volume de investimentos que indústrias do setor realizam nas cadeias de suínos, peixes, frangos, leite e pecuária bovina de corte. Tendo como premissa que a mudança dos olhos do mundo em relação à sanidade animal também reflete na busca por outras proteínas animais, nos últimos anos cerca de 30 frigoríficos anunciaram a instalação ou ampliação de unidades no Paraná, com investimentos anunciados da ordem de R$ 6,6 bilhões em pelo menos 23 municípios.
SEGURANÇA
Para o setor privado, o status garantiu mais segurança para investimentos, analisa o diretor-presidente da Copacol, Valter Pitol. A cooperativa estabeleceu um projeto de crescimento e já começou a investir. Em Assis Chateaubriand, o Frigorífico da Frimesa - resultado da união das cooperativas Copacol, C. Vale, Lar, Primato e Copagril - deve iniciar as operações em 2023. O valor investido é de R$ 2,5 bilhões.
"O fato de o Paraná ter se antecipado nos trouxe benefícios, permitiu acessar novos mercados na suinocultura. Então, pudemos investir com mais intensidade no aumento da produção de suínos por meio da Frimesa", reconhece.
Os novos projetos incluem outras proteínas. A Copacol adquiriu o frigorífico da Tilápia Pisces, de Toledo, com investimento de R$ 60 milhões. O projeto inclui uma estrutura de meio ambiente para informar e orientar cooperados que estão entrando na atividade de piscicultura e também para os que estão ampliando a produção. A unidade de Toledo produz 170 mil tilápias por dia. Em 2025, a meta é 230 mil diariamente.
Outro exemplo é a BRF, que vai investir R$ 292 milhões em modernização e ampliação de suas unidades no Paraná. Também foi confirmada a retomada da produção de perus em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado, poucas semanas depois de a planta ter recebido a habilitação para exportar ao México.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, reafirma a diversidade de setores que estão sendo beneficiados pelo novo status sanitário. Ele cita exemplos no setor de piscicultura, como da Copacol e C. Vale, em Palotina, que ampliou sua capacidade; Cocari e Aurora, que atuam em frango em Mandaguari e assumiram frigorífico em Alvorada do Sul; a Coopermota, que assumiu indústria em Cornélio Procópio; o grupo Friella, em Santa Helena; a Plusval, em Iporã, e um investimento de R$ 500 milhões em uma fábrica de queijos nos Campos Gerais. "Várias regiões estão fazendo grandes, médios e pequenos investimentos", atesta Ortigara.
Fruto disso tudo, no ano passado o Paraná elevou para 6,213 milhões de toneladas a sua produção de carnes bovina, suína e de frango. Foi o Estado que mais abateu frangos, reforçando a liderança no setor, com 33,6% de participação nacional. Também houve crescimento expressivo na suinocultura, com o abate de 786,36 mil cabeças a mais que em 2020. Nesse segmento, o Estado é o segundo colocado, com 20,3% de participação, atrás de Santa Catarina, com 28,4% do abate nacional.
Em carne bovina, devido ao fechamento de mercado, particularmente da China, houve redução no abate em todo o País e o Paraná seguiu a tendência, com 238,96 mil cabeças a menos em comparação a 2020, queda de 16,1%. No entanto, os números de produção de proteínas animais continuam em alta.
E para propiciar um crescimento ainda maior, o Governo do Estado está investindo pesado em pavimentação de rodovias estratégicas para atender aos produtores, bem como em distribuição de energia para garantir o bom funcionamento de novas unidades industriais e de produção. Só de estradas, nos últimos três anos foram pavimentados mais de mil quilômetros.
INVESTIMENTOS EM CURSO
Veja a seguir os principais investimentos que estão sendo feitos no Paraná na área de proteína animal:
SUÍNOS
Assis Chateaubriand - Frigorífico da Frimesa, que é resultado da união das cooperativas Copacol, C. Vale, Lar, Primato e Copagril, deve iniciar produção em 2023. O investimento é de R$ 2,5 bilhões.
Cascavel - A Coopavel fez investimento de R$ 220 milhões para ampliar estruturas e aumentar a produção e abate de suínos.
Castro - A Alegra Foods, empresa das cooperativas Frísia, Capal e Castrolanda, investiu cerca de R$ 60 milhões nos últimos anos para ampliar de 3,2 mil para 3,9 mil abates de suínos/dia. Já a Castrolanda inaugurou em 2021 a quinta maternidade da Unidade de Produção de Leitões.
Ibiporã - O RPF Group, que abate 3,1 mil cabeças diariamente, investiu R$ 20 milhões em unidade para processamento dos subprodutos suínos para fabricação de farinha e óleo para alimentação dos animais (capacidade para 50 toneladas dia de matéria-prima) e em uma fábrica de banha com capacidade para 20 toneladas/dia
Jesuítas - Unidade de Produção de Desmamados (UPD) da Copacol, com investimento de R$ 120 milhões.
Laranjeiras do Sul - A Agro Laranjeiras investiu R$ 377 milhões em unidade de desmamados, com produção de 980 mil leitões desmamados por ano.
Paranavaí/Santo Antônio do Caiuá - A Agroceres Pic, núcleo genético e unidade de disseminação de genes de suínos, recebeu investimento superior a R$ 100 milhões com capacidade para alojar 3,6 mil fêmeas de elite com produção de até 110 mil animais por ano. Criação de 300 postos de trabalhos diretos e indiretos.
Rio Negro - O frigorífico Primaz recebeu, em 2019, o selo do Sisbi - Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, à época foi o 32º do Estado, e está aumentando a produção.
Santa Helena - A Alimentos Friella constrói moderno frigorífico, com previsão de abate de 6 mil suínos por dia, estima que cerca de mil empregos sejam gerados em cada turno.
C. Vale - Constrói UPD em Palotina, visando ao fornecimento a integrados para atender o novo frigorífico da Frimesa que está sendo construído em Assis Chateaubriand. O investimento é de R$ 75 milhões.
FRANGO
Cascavel - Lar Cooperativa Agroindustrial investe R$ 82 milhões.
Iporã - Administrada pela PlusVal (joint venture da Pluma Alimentos, de Dois Vizinhos, e C. Vale, de Palotina), faz investimento de R$ 12 milhões na cidade.
Marechal Cândido Rondon - Lar Cooperativa assumiu o comando de um frigorífico local, passando a ter quatro unidades e abate de 925 mil aves/dia. Investimento de R$ 410 milhões.
Medianeira - Cooperativa Lar anunciou investimento de R$ 135 milhões para aumentar capacidade de produção.
Rolândia - Lar Cooperativa Agroindustrial. Complexo com capacidade para processamento diário de 175 mil frangos, fábrica de ração com capacidade de produzir 19 mil toneladas/mês e unidade de recepção e beneficiamento de grãos com capacidade de 16,8 mil toneladas. Geração de 1.900 empregos diretos.
Rondon - Foi reativado, em 2019, o frigorífico da antiga Averama, que funciona em parceria operacional com a Jaguafrangos, de Jaguapitã.
Umuarama - PlusVal realiza investimentos com vista a ampliar a capacidade de abate para até 200 mil frangos/dia, com possibilidade de ter pelo menos mais 1 mil novos empregos.
PEIXES
Alvorada do Sul - Unidade de Beneficiamento de Pescados Luís Carlos Bufalo foi reativada, com investimentos dos governos federal, estadual e municipal em valor de R$ 4,2 milhões.
São João do Ivaí - O frigorífico Mais Fish recebeu chancela do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA), concedido pelo Consórcio Cid Centro. Com isso, os produtos da marca Mais Fish podem ser vendidos em todo o Brasil. De 30 funcionários deve duplicar e o proprietário já projeta expansão do frigorífico.
Toledo - Copacol adquiriu o frigorífico da Tilápia Pisces, em investimento de R$ 60 milhões. Abate de 40 mil tilápias ao dia.
BOVINOS
Piraí do Sul - Grupo Boi Barão constrói frigorífico com investimento de mais de R$ 10 milhões e previsão de gerar 70 empregos diretos.
PERU
Francisco Beltrão - A BRF vai investir R$ 292 milhões em modernização e ampliação de suas unidades no Paraná. Também foi confirmada a retomada da produção de perus em Francisco Beltrão, poucas semanas depois de a planta ter recebido a habilitação para exportar ao México. A nova linha criará mais de 400 empregos diretos.
GERAL
Guarapuava - CooperAliança Carnes Nobres com R$ 83 milhões em investimento e geração de 219 empregos diretos. Previsão de abater 345 cabeças/dia de bovinos e ovinos para carnes nobres.
Rolândia - JBS investe R$ 1,8 bilhão para construção da maior fábrica de empanados e salsichas do mundo.
Toledo - A Primato tem investimento de R$ 250 milhões na cidade. (Foto: Gilson Abreu/AENPR)