Bolsonaro não é Jesus
Em junho de 2013, ao falar como representante oficial da então presidente Dilma Rousseff, o ministro Gilberto Carvalho foi intensamente vaiado durante a Marcha para Jesus realizada em São Paulo, o que deixou no ar um importante sinal de alerta.
Isso deveria ter servido de lição aos organizadores desse movimento, uma iniciativa das igrejas evangélidas considerada o maior evento cristão a céu aberto do Brasil e até reconhecido oficialmente em 2009 por meio de decreto assinado por outro político: o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, a julgar pela marcha que será realizada neste sábado (21), em Curitiba, a lição não foi aprendida. A confirmação da presença do presidente Jair Bolsonaro por si só descaracteriza a marcha paranaense, transformando-a em um ato mais político que propriamente cristão.
Tudo bem que Bolsonaro é a principal autoridade do País - e, inclusive, muito melhor que Dilma e Lula juntos a julgar pelos resultados da Operação Lava Jato -, mas é candidato à reeleição e isso deveria ser motivo suficiente para não ser convidado. Afinal, política partidária e religião não combinam em lugar nenhum do planeta, e muito menos por aqui.