Taxação da muçarela importada protege os produtores brasileiros
A livre importação de muçarela vinha minguando os lucros da indústria nacional e dos produtores brasileiros de sua principal matéria prima: o leite. Um dos principais ingredientes da tradicional pizza e de dez entre os dez lanches mais consumidos no Brasil, ela vinha sendo motivo de reclamações constantes.
Mas isso já é coisa do passado, pois saiu na edição de ontem (12) do Diário Oficial da União a decisão do governo federal de fazer voltar a vigorar a tarifa de importação de 28% para toda muçarela proveniente de países que não pertençam ao Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul).
A medida atende a uma demanda conjunta do setor lácteo, liderado pela Câmara Setorial do Leite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e que contou com apoio de diversas entidades, como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), da Frente Parlamentar Agropecuária e da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
"A retomada da tarifa do queijo muçarela que vem de fora do Mercosul é de extrema importância, principalmente se levarmos em conta o período difícil pelo qual o setor lácteo atravessa nos últimos anos", relata a presidente da Câmara Setorial do Leite e da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep, Ronei Volpi.
A alíquota de importação desse produto havia sido zerada em 21 de março, sob justificativa de conter a inflação. Desde então, capitaneado pela Câmara Setorial do Leite, o setor lácteo se articulou, apresentando notas técnicas que comprovavam que a retirada da taxa de importação do muçarela era inócua para conter o movimento inflacionário, já que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os queijos comprometem apenas 0,3% do orçamento das famílias e têm peso de menos de 0,5% nos principais índices inflacionários.
"A retirada da tarifa oportunizava uma concorrência desleal, injusta e inoportuna, já que os pecuaristas de países de fora do Mercosul recebem subsídios pesadíssimos. Em 2020, só a Europa aplicou 93 bilhões de euros na produção leiteira. [...]Temos condições de produzir produtos de qualidade, mas não temos condições de competir com o tesouro desses países", explica Guilherme Souza Dias, assessor técnico da CNA. (Foto: Sistema Faep)