A produção industrial despenca, contrariando a propaganda oficial
Há um verdadeiro abismo entre a propaganda oficial e a realidade econômica vivida pelo Brasil na antevéspera das eleições gerais de outubro próximo, que irão renovar o comando do governo federal, da grande maioria dos governos estaduais e de parte das Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Essa constatação não vem de "chutômetro" algum, mas de dados oficiais. Conforme balanço divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em maio a produção industrial brasileira caiu em nada menos que 14 dos 15 locais pesquisados. Foi uma queda vertiginosa e que o governo, erroneamente, tenta atribuir exclusivamente à greve dos caminhoneiros, que praticamente paralisou o País por dez dias.
Apenas o Pará teve alta na produção no período, de 9,2%, o que compensou uma queda de 8,5% em abril. Com -18,4%, o Paraná apresentou a segunda maior queda, atrás apenas do Mato Grosso (-24,1%). Também tiveram quedas superiores à média nacional, de 10,9%, Bahia (-15%), Santa Catarina (-15%), São Paulo (-11,4%) e Rio Grande do Sul (-11%).
Os outros estados com queda na produção foram Goiás (-10,9%), Minas Gerais (-10,2%), Pernambuco (-8,1%), Rio de Janeiro (-7%), Ceará (-4,9%), Amazonas (-4,1%) e Espírito Santo (-2,3%). Já os nove estados da região Nordeste, que são analisados conjuntamente, tiveram um desempenho de -10% na produção.
COMPARAÇÃO
Na comparação com maio do ano passado, a produção recuou em 12 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Goiás (-15,7%). Tiveram alta apenas os estados do Pará (6%), Amazonas (4,5%) e Rio de Janeiro (0,9%).
No acumulado do ano, no entanto, a indústria teve desempenho positivo em oito locais. A principal alta foi observada no Amazonas (17,9%). Sete locais tiveram queda, sendo o Espírito Santo o estado com maior recuo (-5,1%).
Já no acumulado de 12 meses, o desempenho da indústria se mostra melhor, ao registrar alta em dez dos 15 locais, com destaque, mais uma vez, para o Amazonas (10,4%). Dos cinco locais em queda, Espírito Santo também obteve o pior resultado (-1,9%).
DESEMPREGO
Esse desempenho ruim da indústria deverá resultar em um crescimento do número de pessoas desocupadas nos próximos levantamentos estatísticos. Apenas a indústria de calçados Botero, localizada em Parobé (RS), demitiu de uma tacada só na semana passada mais de 600 empregados. (Foto: AGBR)