O tempo sísmico da política
J. J. Duran
Os movimentos tectônicos são "a força que vem do interior da terra, construindo ou destruindo os grandes acidentes geográficos da terra".
Nestas horas a política brasileira vive seu próprio tempo telúrico. Pequenos movimentos inter siglas, pessoais e do pensamento dos eleitores são imperceptíveis aos olhos dos neófitos, porém que têm alto significado na configuração de nomes, alianças e biografias a serem apresentados para degustação eleitoral.
Esses pequenos movimentos acontecem no bolsonarismo e seus temporais aliados políticos do Centrão, bem como no petismo lulista e em outras frentes ou siglas pretensamente concorrentes ao pleito de outubro vindouro.
Um velho e traquejado político cascavelense me disse sobre o tema algo que realmente é muito brasileiro: "Por aqui, político que hoje é lembrado amanhã pode ser esquecido, de acordo com o lado que sopra o vento da opinião pública".
Para começar este tempo de transcendental importância para o futuro eleitoral, o capitão presidente tem que trocar muitas peças de seu gabinete de confiança, extirpando rostos do amém irritante.
O Centrão, como ave de rapina, está ávido por ocupar gabinetes com grandes orçamentos e os generais de pijama parecem seguir na busca de novos horizontes na função política, onde nos últimos três anos prestaram valiosa cooperação republicana e mantiveram lealdade irrestrita ao comandante supremo.
Os políticos, independente das siglas pelas quais pretendem se candidatar, estão empenhados em se aliar ao possível triunfador do pleito num cenário em que, independente das sempre questionadas pesquisas de opinião, o cenário eleitoral mostra como realidade do momento a polarização Bolsonaro-Lula. Os demais candidatos são e não são, como diz o refrão político portenho.
Disso tudo se depreende que a inépcia, a corrupção dos encarcerados pelo lavajatismo e a arrogância tosca e autoritária terão papel importante no pleito político que se avizinha em um país que vive um momento de perda da sua identidade democrática.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná