Um pleito desafiador
J. J. Duran
Toda eleição é boa e limpa quando nosso candidato é o vencedor. Quando acontece o contrário, vem logo aquela histeria sustentada pelo vocábulo "fraude".
A eleição deste ano será desafiadora para o Brasil e seu povo. A pandemia que ainda mata muitas pessoas, a inflação nas alturas corroendo o poder aquisitivo do trabalhador e o elevado desemprego, que deixa braços cruzados e mesas vazias, se juntam histrionicamente a uma agenda eleitoral carregada de alta tensão pela fragmentação e pela polarização de figuras visceralmente antagônicas.
Tenho escrito repetidamente que existe no cone sul indo-americano evidente erosão da democracia e um periogoso fosso a dividir a sociedade em blocos irreconciliáveis.
O personalismo e o autoritarismo se juntam à espetacularização da política, no caso do Brasil inaugurada pela Operação Lava Jato e carregada de negras ameaças à lisura e à segurança das urnas.
A monocorde postura antidiálogo e sua inigualável menção a inimigos existentes só nos cartazes das borracharias e nos botecos frequentados por saudosos do passado, parecem fechar as portas para que a campanha eleitoral que se avizinha seja uma disputa franca e firme, mas com abundante aporte de ideias e não com discursos de baixa retória ou promessas de combate incessante a velhas deturpações morais da política do conchavo.
É preciso ter em mente que a pandemia universalizou as desigualdades sociais e as injustiças cometidas em nome da justiça. Ficaram as diferenças infantis e primitivistas do obscurantismo negacionista e acéfalo de ações que realmente favoreçam a defesa da política como ela deve ser, e que deixou de lado diversas e urgentes estratégias que deram certo no passado, seja lá onde tenham sido aplicadas.
J.J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná