Amor romântico: o (a) parceiro (a) com que sonhei!
Elis Gislaine Marques Sbardelotto
"Sei que nós acabamos de nos conhecer, mas de alguma forma sinto que te conheço há muito tempo". Esse tipo de expressão surge geralmente logo no início do relacionamento, na maioria das vezes já no primeiro ou segundo encontro. Parece bobagem se analisarmos rapidamente, mas por algum motivo o casal se sente à vontade para fazer tal afirmação.
Num segundo momento o casal, mesmo tendo se conhecido em passado recente, se sente como se estivesse junto há muito tempo. Quando o relacionamento amadurece, o casal se sente inteiro, completo, e aí expressa o que há de mais profundo no coração, com manifestações do tipo ¨eu te amo tanto, que não posso mais viver sem você".
Numa etapa seguinte, o sentimento atinge tamanha proporção que um não consegue se imaginar longe do outro. Durante algum tempo os amantes têm a impressão de que o amor romântico vai torná-los plenos. Só o companheirismo é um verdadeiro bálsamo.
Mas, em algum instante do relacionamento quase todo mundo descobre algum aspecto do temperamento ou da personalidade do (a) parceiro (a) que antes era desejável e passou a ser uma fonte de aborrecimento. O homem descobre que a personalidade conservadora da mulher, uma das principais razões pelas quais se sentiu atraído por ela, agora já não o agrada tanto. E a mulher descobre um marido introvertido e calado, e o que antes a agradava agora a faz se sentir só. Ou ainda, o homem descobre que o temperamento extrovertido da mulher, que antes o deixava entusiasmado, agora o faz se sentir invadido.
Geralmente, quando conhecemos um (a) parceiro (a), fazemos tudo para nos convencermos que encontramos nossa alma gêmea, e na verdade o que fazemos é criar alguém ao nosso gosto. Isso ocorre pela imaginação precipitada de traços característicos do ideal de amor romântico, como a idealização do parceiro e a ausência de percepção de mudanças. Por que isso acontece? Em geral, porque se espera do parceiro muito mais do que ele pode ser.
Elis Gislaine Marques Sbardelotto é formada em Psicologia Hospitalar e Orientação Vocacional, especializada em Psicologia Familiar Sistêmica e perita Avaliadora de Trânsito - CRP-08/13639 - Contato: (45) 99912-8788