Taxa de juros dos EUA vai ditar ritmo da inflação no mundo todo
A pandemia e a guerra são fatores preocupantes com consequências de longo prazo, mas o que vai definir com mais peso a agressividade da inflação e o tamanho das dificuldades que o mundo todo enfrentará nos próximos anos é a taxa de juros norte-americana."Quanto maior for o percentual, maiores serão os impactos”, disse na noite de ontem (31), na Acic, o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, convidado a falar ao empresariado cascavelense sobre o tema “Eleições, guerra e a economia do Brasil em 2022".
Economista com passagens por grandes instituições financeiras, Ivo fez uma recuperação dos principais movimentos econômicos do mundo devido à pandemia, um dos cenários que levaram os Estados Unidos a ter a sua maior inflação dos últimos 40 anos ."O coronavírus veio e tirou todos da tomada. Muitos perderam sua capacidade de renda e os governos precisaram agir”, disse. Nos EUA, o governo enviou cheques pelos correios e no Brasil houve um pacote de ajuda a trabalhadores e empresas. O consumo cresceu, e com lockdowns e falta de matérias-primas, os preços subiram.
A taxa de juros era de 2% nos EUA antes da pandemia e com a crise sanitária foi zerada. Com a inflação, o banco central norte-americano já sobe os percentuais, que Ivo acredita que chegarão aos 3,5% ao ano. “Quanto mais alta a taxa, pior para o mundo. Quanto mais baixa, menos vamos sofrer”, explicou, lembrando que a elevação dos custos da energia e do petróleo também contribuem com impactos diretos nesse panorama. A guerra entre Rússia e Ucrânia é o ingrediente novo e já lança novos desafios no tabuleiro econômico mundial.
A situação no Brasil foi parecida, com Selic a 2% antes da pandemia e agora com sinalização que pode encostar nos 13,75% ao ano. A dívida brasileira cresceu e hoje chega a 80% do PIB. A previsão para 2022 é de inflação acima de 7,5%, taxa de juros em alta e Produto Interno Bruto perto de zero. Isso significa, segundo ele, que independentemente de quem vier a vencer a eleição presidencial de outubro, o ano de 2023 exigirá ajustes sérios nas contas públicas. (Foto: Divulgação)