Preços agrícolas continuarão nas alturas, prevê Dilvo Grolli
A pandemia e o clima tiveram parcela significativa de influência sobre as safras mais recentes e agora, com a guerra e suas consequências, o cenário das principais commodities seguirá com desequilíbrio entre produção e consumo. Com isso, a previsão é que os preços, principalmente da soja, milho e trigo, sigam valorizados no mercado internacional de acordo com análise do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. A produção de soja no mundo na safra 2021/2022 foi de 366,2 milhões de toneladas e o consumo alcançou 372,5 milhões.
Falando a empresários na Acic, parte deles ligada ao agronegócio, Dilvo apresentou números de preços da saca em 2019 e de agora, mostrando a valorização do cereal, que saltou de R$ 68 para R$ 176 a saca, uma valorização de 160% em três anos. Ele lembrou que 75% da produção de grãos do Brasil está concentrada no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
Os empresários foram informados também sobre a produtividade do milho e a importância de investir em tecnologias avançadas. A média do Brasil é de 5,3 mil sacas por hectare, enquanto que nos Estados Unidos é superior a 12 mil. No Oeste do Paraná, entretanto, ela chega a 11 mil e as produtividades alcançadas no Show Rural Coopavel, que é um campo de testes a novas cultivares e aprimoramentos em manejo, ela chega a alcançar 16,8 mil sacas por hectare. Quanto aos preços da saca, em 2019 era de R$ 28 e agora é de R$ 80, com valorização de 176%.
Já no trigo, a produção mundial na safra de 2021/2022 foi de 778 milhões de toneladas contra demanda de 786 milhões. A Rússia é a quarta maior produtora, com 75 milhões de toneladas, mas devido às sansões aos russos o desequilíbrio tende a continuar, mantendo perspectivas de preços elevados nos próximos anos. O consumo brasileiro do cereal é de 12,7 milhões de toneladas e a produção está na casa de 7,7 milhões. Uma das consequências desse cenário é aumento nos derivados de trigo em 20% já sentido no bolso do consumidor brasileiro.
COMÉRCIO EXTERIOR
Dilvo chamou atenção também para mudanças no mapa das exportações brasileiras, principalmente de soja e milho. Em 2010, 77% de tudo que seguia para o exterior era embarcado por portos do Sul e Sudeste, e apenas 23% pelo eixo Norte. Agora, há igualdade de percentuais entre esses canais, demonstrando a priorização de investimentos em infraestrutura e logística em estados do Norte e Nordeste.
“São 79 os projetos de novas ferrovias no País e apenas um para o Sul, justamente a Ferroeste”, alertou ele, destacando que o Brasil emprega, no escoamento de suas riquezas, os modais mais caros - ferroviário e rodoviário, proporcionalmente operando com o dobro e o triplo dos preços praticados pelo transporte por hidrovias. (Foto: Divulgação)