A culpa é de todos nós
J. J. Duran
Há muito cansaço, perplexidade e confusão dentro da sociedade indo-americana. Parece que a chamada elite pensante resolveu silenciar e economizar a voz para os pleitos políticos vindouros.
Os últimos dez anos foram catastróficos, com predominância da angústia e do remorso pelo fato de, cada qual com sua parcela, todos termos sido culpados pela deterioração da democracia e da liberdade conquistadas à custa do sangue de velhos dissidentes.
Vivemos, social e economicamente, em um estado de contínua desconfiança, enquanto o desemprego e a inflação seguem soberanos a reclamar políticas capazes de restabelecer a verdadeira justiça social.
No caso brasileiro em especial, a inflação nos deixará como legado do sorridente propagandista do deus mercado um oceano ainda maior a separar os poucos que têm muito dos muitos que têm pouco.
Quando à culpa por esse cenário, volto a reiterar que não é apenas do governo do capitão presidente a fragilização do nosso modelo econômico, pois ele próprio declarou reiteradas vezes antes, durante e depois da campanha não ter noção do que é a economia do Estado, deixando isso integralmente sob a responsabilidade do ministro banqueiro Paulo Guedes.
O enorme fosso existente entre o que foi prometido e a realidade hoje vivida pela sociedade é que criou essa conduta raivosa, ameaçadora e descontrolada que impera na boca de muitos ufanistas.
Há que reconquistar a fé perdida pelo povo em seus governantes e revalorizar a palavra República, pois só assim será possível dar fim ao personalismo napoleônico primitivista.
Não nos agrada o que hoje se chama presente e que no passado todos chamavam de futuro redentor. Que fizemos para merecer isso? Não podemos individualizar a culpa, que é dos eleitores e dos eleitos.
A culpa por isso tudo é, sim, de todos aqueles que se autointitulam evangelizadores do populismo ou do autoritarismo retrógrado, com destaque aos parlamentares eleitos para representar as necessidades de todos e não as deles.
Menos mal que um novo futuro está chegando e em outubro os eleitores terão uma nova oportunidade de valorizar o seu voto, entregando-o a candidatos preparados e imbuídos de bons propósitos.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná