Gasolina vira nova coqueluche de contrabandistas na fronteira
Com os preços nas alturas no Brasil, moradores da fronteira têm passado até quatro horas na fila para comprar gasolina mais barata em Puerto Iguazu, cidade argentina separada de Foz do Iguaçu pelo Rio Paraná. Essa procura desenfreada está causando até falta de combustível para os moradores locais, pois os cinco postos da cidade já não dão conta de atender todo mundo e chegaram a criar limites para a venda do combustível a brasileiros.
Essa explosão de demanda tem levado a outro problema: o contrabando de gasolina, que no país vizinho sai praticamente pela metade do preço praticado em território brasileiro. Nas últimas semanas, aproveitando que a polícia brasileira apertou o combate ao contrabando principalmente do vinho, pessoas que vivem dessa prática ilegal na fronteira têm sido flagradas cada dia mais ofertando gasolina em pequenos galões nas ruas, tanto em cidades fronteiriças do Paraná quanto de Santa Catarina.
Esses vendedores normalmente são contratados por contrabandistas que estão armazenando o combustível em casas ou galpões, prática não só ilegal, mas que também oferece riscos ambientais e de segurança. Na catarinense Dionísio Cerqueira, por exemplo, esses vendedores ficam posicionados à beira de ruas e estradas como uma espécie de bombas de combustível ambulantes.
Javert Ribeiro da Fonseca Neto, diretor-jurídico do Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), explica que abastecer no país vizinho para consumo próprio é perfeitamente legal, mas o que tem ocorrido é que consumidores brasileiros têm cruzado a fronteira várias vezes ao dia para abastecer e revender o combustível em território nacional, o que é vedado por lei.
Além desse "trabalho formiguinha", observa ele, também ocorre o contrabando em grandes volumes. No dia 7 deste mês, por exemplo, a Receita Federal apreendeu em Lindoeste um caminhão e uma carreta carregados ilegalmente com 52 mil litros de óleo diesel, que entrou no Brasil pela região de Francisco Beltrão.
Javert diz que essa prática ganhou muita força nas últimas semanas, mas é recorrente. E lembra que nos anos 2000, por exemplo, a polícia do Paraná desencadeou uma operação que desmantelou diversos pontos clandestinos de venda de combustível que funcionavam na cidade de Foz do Iguaçu. (Foto: Divulgação Idesf)