O declínio universal da democracia representativa
J. J. Duran
A democracia representativa está em franco declínio, atestou relatório de 2021 da International Idea, instituto baseado em Estocolmo (Suécia) e referência para o mundo todo.
O estudo apontou que em todos os rincões deste globo pandêmico têm surgido autocratas que se julgam ungidos pelo Espírito Santo para estar acima da lei.
É o neonazismo com roupagem republicana, reformista, evangelizante, militarizado e que prevalece há mais de uma década em inúmeras nações.
O chamado Estado Democrático de Direito vem perdendo terreno dentro do quadrante político há bastante tempo, com governantes autocratas destruindo a essência sociopolítica da democracia.
Governados por políticos autoritários e negacionistas, colocados onde estão pelo voto majoritário do eleitorado, diversos países estão navegando em águas turvas rumo a um horizonte nebuloso.
No caso da América do Sul, as recentes eleições da Argentina e do Chile significaram a volta ao poder de governantes com sentimento social acima dos interesses impostos pelo capitalismo, mas até quando governarão sem ter que mendigar o voto dos parlamentares que ajudam a rapinar o erário?
Sou um velho, triste e descolorido sobrevivente de um governo platino que tentou refazer a sociedade pelo caminho da ordem, do trabalho e do respeito, mas que não logrou o êxito desejado.
O autocrata é um lutador incansável contra a separação dos poderes republicados e sua independência soberana. É a figura mítica do líder que se identifica de corpo e alma com a República e comanda um Executivo soberano, familiar, paternal e negacionista da ciência e da verdade.
Boa parte da indo-América - incluído o Brasil, por mais que discordem os bolsonaristas - vive neste ano eleitoral um momento crucial da construção de seu futuro, mas não será com figuras dogmáticas e populistas que irá encontrar o caminho que a leve ao reencontro da verdade social para colocar fim ao primitivismo imposto a ela por diversos governantes recentes e atuais.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná