Não cuspa para cima
J. J. Duran
O que acontece com quem ouve novos insultos, ameaças e difamações a todo instante?
Que alterações são produzidas pela incitação feita desde o topo da organização social e política para que a pessoa acredite que a solução de tudo que a aflige no cotidiano consiste em criar um problema novo?
Estamos trilhando um caminho que nos levará a conviver com uma nova forma de intervencionismo no cenário político, fórmula esta copiada maliciosa e indecorosamente e baseada no uso de procedimentos e tipificações pseudojurídicas para esconder escusos objetivos pessoais e ou pequenos grupos.
Constantemente é violado o direito de milhões de pessoas de terem um trabalho digno, somente isso, usando para tanto a memória curta de muitos cidadãos para lançar propostas mirabolantes como a da geração de 10 milhões de novos empregos com uma simples reforma previdenciária.
A classe política, ou grande parte dela, segue mostrando a velha e indecorosa roupagem de cínicos opositores do passado e do presente, enquanto aumenta os benefícios a ela própria concedidos à custa do suor do povo.
Estamos caminhando para a despolitização absoluta, que no caso do Brasil não é obra unicamente do bolsonarismo, mas de todos os movimentos que visam à destruição do Estado, e isso, é preciso deixar claro, não aconteceria sem a efetiva colaboração do Parlamento.
Respeito os de opiniões divergentes das minhas, mas como um errante que escolheu fazer do Brasil a sua Pátria e já com mais de 90 anos de idade, entendo que o capitão Bolsonaro nada mais é do que um personagem útil dentro jogo dos interesses monetários do capitalismo apátrida, o que poderá se repetir mesmo com a escolha, na eleição vindoura, de um presidente que se apresente como antítese ao atual.
Os autocratas de hoje parecem reviver o que vivemos tristemente no cenário político indo-americano há mais de 70 anos e que não deixou saudades dos velhos rostos que combatemos naquele tempo.
Por tudo isso, e diante da experiência adquirida durante quase um século de vida, me atrevo a dar um conselho ao amigo leitor: não cuspa para cima, pois a saliva poderá cair no seu rosto, e a mentira de hoje poderá ser transformada na verdade de amanhã. (Foto: Reprodução Facebook)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná