Zeca Dirceu com Grolli: quando dialogar é preciso
O Pitoco, tradicional jornal cascavelense que acaba de completar 25 anos, deixou a concorrência na poeira e publicou com exclusividade um fato ocorrido logo após o Show Rural 2022 e que interessa a todos que acompanham a política. Por isso, e com a devida autorização, o Alerta Paraná reproduz a seguir a íntegra a seus leitores:
Zeca Dirceu, eleito deputado federal em 2018 para o 3º mandato consecutivo. Antes foi prefeito eleito e reeleito de Cruzeiro do Oeste. E antes disso tudo, é filho de José Dirceu, homem que viveu clandestinamente na região de Umuarama nos anos 1970 com o nome de"Pedro Caroço” após exílio em Cuba e cirurgia plástica na face para descaracterizá-lo. Zeca é eleitor de Lula e colhe votos no MST.
Dilvo Grolli, reeleito para mais quatro anos à frente da bilionária Coopavel, ícone do agronegócio, católico conservador e praticante, contribuiu com a UDR - sigla de combate ao MST - foi conselheiro de Alessandro Meneghel na Sociedade Rural Oeste e determinante na eleição do ultradireitista Coronel Lee em 2018. É eleitor de Jair Bolsonaro.
Zeca Dirceu e Dilvo Grolli, portanto, são água e óleo.
Terça-feira, 15 de fevereiro: O presidente da Coopavel recebe uma ligação do associado Nestor Dalmina, ex-vereador petista da ala marxista de baixos teores, um"canhoto"moderado, de fácil interlocução e trânsito em diferentes camadas ideológicas.
- Posso levar o Zeca aí? Disse Dalmina.
Dilvo concordou. O teor da conversa não foi divulgado e muito menos a foto do encontro na sede da Coopavel, às margens da BR 277.
Afinal, de ambos os lados são necessárias algumas cautelas. Tanto na esquerda como na direita há os talibãs, os aloprados, gente que se fanatizou e perdeu a noção do ridículo no doloroso processo bipolar brasileiro.
A prosa
Certamente Grolli e Dirceu não limitaram a conversa a um cafezinho, a um palpite de quem fica e quem sai no BBB, ou a suposta ausência do mundial do Palmeiras.
A política entrou na pauta, até pela dimensão dos protagonistas. Seguramente Grolli não saiu do encontro cantando"Lula-lá, brilha uma estrela...".
Certamente Zeca Dirceu não deixou a reunião fazendo arminha com a mão e prestando continência para o líder cooperativista.
O que as lideranças mostraram foi a possibilidade de manter algum nível de diálogo entre os opostos. Dialogar não é render-se.
Coesão
Os líderes mais lúcidos da política brasileira - infelizmente são poucos - perceberam que é preciso um mínimo de coesão nacional para tirar o País do atoleiro.
Antes de sermos esquerdistas ou direitistas, liberais ou conservadores, vermelhos ou verdes, palmeirenses ou corinthianos, católicos ou evangélicos, somos brasileiros.
Esse é um conceito que se perdeu em meio à histeria política que emana da escuridão estabelecida pelos senhores feudais, os palhaços macabros da política. (Fotos: Reprodução)