Se a guerra fosse aqui, você também teria que ir à luta!
O Brasil vive o ápice da “democratização sem limites" da mídia, um tempo em que as redes sociais são uma espécie de terra sem lei, onde qualquer um que queira pode se arvorar no direito de acionar o gatilho do senso crítico (ou da falta dele) e bradar colericamente em defesa de teses muitas vezes sem qualquer sustentação, quando não criminosas como sem sido visto com frequência.
Isso ganhou ainda maior clareza desde a última quinta-feira (24), quando os embates políticos e o noticiário da pandemia perderam repentinamente a preferência dos debatedores de plantão para uma verdadeira bestialidade humana: a invasão da Ucrânia pela Rússia, uma espécie de disputa entre o primo pobre e o primo rico, mas com a substituição do humor pelo derramamento do sangue de inocentes que nem se conhecem, nem se odeiam.
Nesses apenas três dias de debate os incendiários das redes destilaram seu veneno sem pudor, mas se esqueceram da atitude mais sensata em qualquer situação conflitiva: se colocar no lugar do outro. Em outras palavras, se esqueceram de se colocar no lugar do povo ucraniano, que teve seu território invadido sem antes “combinar com os russos" e está pagando com a vida de seus cidadãos o preço da sede de poder de um verdadeiro facínora.
Nem mesmo cenas de esposas e filhos fugindo da Ucrânia, enquanto os homens são obrigados a lá permanecer e participar da guerra em defesa de sua pátria, foram capazes de chamar os falastrões a refletirem sobre o que seria deles próprios - e de milhões de outros brasileiros - se o país invadido fosse o nosso, coisa que costuma cair com alguma frequência em concursos públicos.
COMO SERIA?
Para o Brasil participar de um conflito como este - e já o fez em vários outros, incluindo as duas Guerras Mundiais, a primeira de 1914 a 1918 e a segunda de 1939 a 1945 -, a decisão deveria vir precedida pela decretação do Estado de Sítio, que só pode ser declarado pelo Congresso Nacional.
Diferentemente da Ucrânia, onde esse chamamento é uma imposição aos homens dos 18 aos 60 anos, no Brasil não há limite máximo de idade para este chamamento.
Logo de cara seriam chamados os militares da ativa, tanto das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) quanto das forças auxiliares, como a Polícia Militar. Depois de esgotado esse contingente, seriam chamados para a guerra os reservistas, a partir dos mais jovens.
Isso está expresso no Decreto Lei 1.187, cujo art. 3º diz: "Em caso de guerra externa, ou para manter a integridade nacional, todo brasileiro maior de 18 anos e até uma idade que o Governo fixará em consequência das circunstâncias da ocasião, poderá ser chamado a prestar serviço em defesa da Pátria". E com um detalhe importante: quem fosse convocado e não se apresentasse seria punido. (Foto: Divulgação Força Aérea)