A vacina e a boiada
Tal qual um rebanho de gordos bezerros a caminho do matadouro, uma fatia crescente da população brasileira tem ignorado os reiterados apelos dos agentes e órgãos públicos e deixado de completar o ciclo vacinal contra a Covid-19. E por que isso? Uma parte bem pequena puramente por duvidar da eficácia da vacina ou por ser portadora de doenças que, ao menos em tese, não recomendam a submissão aos eventuais efeitos colaterais das diferentes vacinas ofertadas.
A maioria esmagadora, no entanto, pensa e age em desacordo com as reiteradas recomendações da saúde pública puramente por ter se deixado contaminar pelo negacionismo cantado em prosa e verso principalmente nas redes sociais, e inclusive por profissionais que, ao serem diplomados, fizeram o juramento de Hipócrates se comprometendo a obedecer à ciência, mas no exercício da profissão (e da opinião) agem de forma totalmente contrária.
Por isso tudo não é de se estranhar que o Paraná esteja se deparando hoje com um cenário desolador. "Estamos com mais de 45% da população com a dose de reforço atrasada e não é por falta de vacina", desabafou o secretário estadual Beto Preto ao convocar, uma vez mais, os atrasadinhos a retornarem o quanto antes às unidades de saúde de seus municípios.
Como nem o fato de a pandemia já ter levado antecipadamente para os cemitérios quase 42 mil paranaenses tem sido suficiente para sensibilizar essa gente toda, talvez fosse o caso de o Estado trocar a velha diplomacia, que neste caso tem se mostrado inócua, e começar a adotar medidas mais enérgicas, passando a representar judicialmente contra esses propagadores da insubordinação aos ditames da ciência e da ética.