O tempo da pós-verdade
J. J. Duran
A difamação, a calúnia e a estigmatização fertilizam a terra onde germina a pós-verdade, que significa a distorção da realidade para modelar a opinião pública de acordo com as conveniências de determinadas figuras dominantes e dominadoras.
Existe, no tempo da pós-verdade, o conluio do ativismo do Poder Judiciário denominado lawfare e que consiste no uso da lei e dos procedimentos legais para perseguir aqueles que ousam confrontar os interesses da elite endinheirada.
A análise do tempo da pós-verdade revela uma espécie de obra prima do cinismo judicial para lograr a demolição de biografias e a judicialização da política, feita com a ajuda submissa de uma Suprema Corte totalmente enfraquecida.
No caso específico do Brasil, que fique claro que a Operação Lava Jato foi necessária para limpar os horizontes morais que escureciam o horizonte da República dentro de um cenário em que políticos incapazes e corruptos servis a uma elite corruptora e apátrida receberam o castigo merecido pelas roubalheiras perpetradas contra os corres da República.
Mas essa mesma Lava Jato também promoveu uma espetacularização gigantesca e grotesca da Justiça à sombra de um STF atropelado pela realidade.
Um conhecido membro da Justiça de nossa pacata aldeia disse-me certo dia: "Olha Duran, o Dr. Moro vestiu a toga da suprema inquisição do século XX".
Isso tudo me leva a crer que a pós-verdade, nesse tempo de autoritarismo populista com seus rebanhos e desinformação grotesca produzida por um jornalismo nada responsável, se converteu no tempo da grande mentira transformada em verdade.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná