Um novo contrato social
J. J. Duran
A busca pela tão decantada justiça social e pelo fim das desigualdades que fracionam a sociedade é o sonho que se debate entre os "papas” ideológicos do progressismo e do populismo autoritário.
Mas não existem, nesse cenário, ideias que se concretizem em realidades positivas que eliminem as diferenças existentes há longo tempo. Nenhum partido político, nenhum mito, nenhum líder sindical, nenhum político ou religioso tem condições e poder de raciocínio para dar a tão aguardada resposta.
A tristeza e o desânimo ganharam cidadania republicana e nossa geração teme a repetição dos anos 60 do século passado, quando se tentou mudar tudo via luta fratricida e a sociedade acabou sofrendo as mais terríveis afrontas.
Enquanto isso, a política e seus gestores, as igrejas e seus líderes e as forças culturais em geral seguem olhando de costas para a necessidade do reordenamento deste sistema social anêmico.
O déficit desta hora não é somente político, mas também cultural, para que dos cérebros consulares da República brotem ideias e gestos que permitam escrever novas e inteligentes páginas básicas na formulação de um contrato social novo, humanista, com direitos e obrigações igualitárias para todos, onde trabalho e bem-estar sejam frutos do esforço e não da corrupção de um Estado sem moral.
No contrato social hoje imposto pela elite do atraso pouco importa a morte de um pobre, já que herdou o ódio devotado aos escravos nos tempos idos. Com um Estado corrupto, incompetente e inerte, é consenso das elites que nada pode ser melhorado porque tudo já foi feito.
Vivemos um tempo em que a verdade deu passagem à mentira plantada nas redes sociais e o cidadão, devidamente imbecilizado pelo poder mediático, não tem capacidade para reconhecer a escuridão existente nos horizontes da República.
Chegou a hora de reescrever o contrato social, para assegurar que ele seja capaz de unir a nação como um todo em um abraço fraternal, duradouro e construtivo.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná