O grande pesadelo
J. J. Duran
Desde sempre as bandeiras do ódio tremulam junto à virulência das palavras. De um ódio que tenta se vender como ideologia, que castiga a democracia e suas instituições. E o fruto disso não poderia ser outro que não um panorama sócio-político desastroso e que não melhora também por força das ações e maquinações de uma oposição irresponsável.
Dentro desse cenário, temos um aglomerado de velhas figuras políticas, e outras nem tão velhas assim, que uma vez mais sacrificam seus sagrados ideários para alugar seus votos ao governo em troca dos desperdícios monetários protagonizados por um orçamento secreto, fazendo com que a velha política do toma-lá-dá-cá, tantas vezes condenada, passeie livre, leve e solta pelos salões do poder, dando sua nefasta contribuição em nome da destruição da arquitetura do Estado.
Vivem diferentes repúblicas um tempo de retrocesso político-institucional, um tempo de institucionalização da injúria como disciplina discursiva e da agressão aos inimigos (mas que inimigos?) como método de luta partidária.
Os arautos do ódio, que não são somente membros conspícuos do grupo governante, mas também opositores que não torcem nem lutam pelo bem do seu país, invocam a violência como tributo a um povo que quer comida na mesa, nada mais que isso.
As veladas conjecturas, feitas de forma apressada nos discursos políticos na antessala de um novo ato eleitoral, vão delineando uma possível luta verbal entre a coerência, representada pela apresentação de um programa de desenvolvimento sustentado e de igualdade social, e um demencial confronto destrutivo de ideias e de biografias.
A retórica constantemente sem conteúdo válido, desvairada e monocorde, é a expressão sombria de uma sociedade silenciada e sem expressão própria.
Não só no Brasil, mas também em inúmeros outros países vizinhos, os míticos governantes brotados do berço da democracia transformaram esta sagrada terra indo-americana de um solo fértil em um solo árido e decadente. (Imagem: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná