O conflito das ideias
J. J. Duran
Política, em essência, é o confronto de ideias. Mas a experiência aconselha aos transeuntes da vereda política que, ao invés de se dedicarem a duros enfrentamentos opinativos, tomem o caminho da troca inteligente das ideias.
Percebe-se claramente que muitos escolheram abandonar o diálogo construtivo, elegante, respeitoso das bandeiras opostas para usar o linguajar do ódio, ameaçador, sinalizador das culpabilidades alheias, em um cenário em que farisaicos recitam versículos bíblicos para esconder sua pobreza espiritual.
Predomina o uso do EU na boca dos governantes messiânicos, que ao invés de conduzir o povo o trata como rebanho, fazendo com que o culto ao personagem central seja elevado até os altares pagãos de uma realidade inverídica.
Vive uma hora triste boa parte da humanidade, em que a Pátria amada foi transformada em mera lembrança nas mesas sem comida, nas famílias sem um teto onde se abrigar, nos deserdados invisíveis ao olhar de estúpicos pregadores de uma falaciosa justiça social.
Em nossa indo-América, por exemplo, os de sã consciência não hesitam em comparar a realidade recente e atual com a desventura vivida por dezenas de milhões de pessoas à espera de um emprego digno, com o qual possam sobreviver com dignidade e ter uma liberdade plena.
E no caso específico do Brasil, o sorridente banqueiro que comanda atualmente o Ministério da Fazenda insiste em dizer que o País está dando certo graças à política liberalista que busca entregar à iniciativa privada, via privatização, as poucas empresas públicas que deram certo graças ao esforço de todos os brasileiros.
Essa realidade está visível no conteúdo jornalístico apenas dos meios de comunicação ainda não domesticados, não dos que escolheram claramente o caminho da oposição ou da situação.
Mas como vivemos sob a égide da democracia, na campanha eleitoral que se aproxima os ideiários políticos de quem está ou já esteve lá poderão ser comparados entre si e com as ideias programáticas de quem almeja um País verdadeiramente diferente.
Com isso, o eleitor terá mais uma oportunidade de refletir e dizer a si mesmo e aos seus, via voto na urna, se está satisfeito com o que lhe tem sido imposto há décadas, ou deseja buscar uma via alternativa. Que venham as eleições!
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná