Votar: liberdade suprema
J. J. Duran
Muitos políticos se comportam como se tudo o que o poder lhes confere é da sua propriedade pessoal, ou familiar. Não reconhecem o caráter temporário do poder, que por princípio é delegado, porque consideram que a Constituição foi feita para servir a eles e não ao coletivo da sociedade.
Impávidos, falam com base apenas na sua própria perspectiva, que consideram a única realmente válida. Com isso, buscam recriar uma biografia há muito adormecida usando o mandato delegado pelo eleitor para dar asas a sonhos feudais e coroados de tirânicas interrupções da vida democrática.
Esses políticos mantêm, sem pudor e arrependimento, uma linha de pensamento contraditória a tudo aquilo que permitiu sua chegada democrática ao poder, via voto popular, bem como a tudo aquilo que a humanidade adotou como caminho a ser trilhado por força do aprendizado conferido pela vida e pela ciência e adquirido ao longo de décadas ou séculos.
Não me refiro a ideologias políticas estúpidas, classificadas erroneamente de direita, esquerda ou centro, quando são unicamente autoritárias. Tiro essas conclusões com o sentimento de ter caminhado, lutado e sofrido as formas mais bárbaras e desumanas usadas para silenciar vozes dissidentes às dos inquilinos provisórios do poder.
Para fazer frente a esses políticos só nos resta o voto. Mas é preciso que saibamos votar, que votemos livres, sem medo, sem ouvir as vozes que intimidam ou as promessas delirantes de candidatos despreparados e seus cabos eleitorais.
É preciso fazer com que o voto seja sempre o princípio da recuperação da ética, da fraternidade e da verdade, não dos sonhos convertidos em tristes pesadelos.
Não esqueçam os políticos que todos aqueles que chegam à cúspide do poder também passam, e muitas vezes também caem no esquecimento.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná