Guerrilheiros usam sequestro para saciar a fome dos pobres
Mais dois caminhões chegaram na madrugada desta segunda-feira (13) em Assunção, repleto comida embalada em sacos contendo o adesivo "Gentileza de EPP". Isso teria passado desapercebido não fosse a forma utilizada para levar parte da população a se solidarizar com os moradores da periferia da capital e também de cidades do interior do Paraguai que estão passando fome.
Este foi o último carregamento de um montante de US$ 500 mil (o equivalente a R$ 2,8 milhões) que a comunidade menonita de Colônia Rio Verde, a 250 km de Assunção, foi forçada a doar a 20 comunidades carentes em troca da libertação com vida de Peter Reimer, sequestrado pelo grupo guerrilheiro EPP (Exército do Povo Paraguaio).
Mesmo pobre - vive em casa alugada junto com a esposa e três filhos e ganha a vida como eletricista - Peter foi sequestrado na segunda-feira passada por integrantes do EPP, que impôs as exigências para a libertação por meio de panfletos. Algumas famílias chegaram a se recusar a receber os alimentos por discordar da forma como o EPP agiu para garantir essa ajuda, mas mudaram de ideia diante de um apelo do pai de Peter para que o filho não fosse executado.
O EPP é um movimento guerrilheiro que seria liderado pelas pessoas cujas votos constam do cartaz anexo e que já orquestrou e executou uma série de operações armadas, incluindo bombardeios, ataques incendiários, tiroteios, assassinatos e sequestros, dentre eles do ex-vice-presidente paraguaio Óscar Denis, de 74 anos. Vale lembrar que dezenas de milhares de brasileiros vivem ou moram no Paraguai, o que os torna vítimas potenciais.
NR: Peter Reimer já foi libertado e está de volta ao aconchego da família. (Imagem: Governo do Paraguai)