O momento que vivemos
J. J. Duran
Hoje em dia existe em nosso continente uma forte tendência de mudança nos rumos impostos pelos governos vigentes - diga-se de passagem, eleitos de forma límpida, com deve ser no sistema democrático.
E uma das causas é a política liberal, que impôs a desnacionalização do Estado e suas empresas produtivas e permitiu que a corrupção fizesse com que estatais que cumpriam seu papel econômico e social deixassem de ser herança do esforço conjunto poder público-sociedade.
Isso contribuiu sobremaneira para agravar o desemprego, a fome e o nomadismo dos que perderam tudo, até o direito de uma moradia digna, fazendo com que os ossos recolhidos das sobras deixadas pelas festas dos novos feudais se convertessem em única merenda solidária para saciar os famintos.
A belicosidade está evidente, estampada nas notas sangrentas que todos os dias e em todos os cantos do Continente publicam os meios de comunicação. Violência familiar e agressões brutais por motivos fúteis nas ruas e nas escolas nos distanciam cada dia mais da vivência fraternal.
O fanatismo ideológico levou inteligentes biografias a perderem contato com a realidade e apelarem ao ódio para justificar abusos primários cometidos em nome de valores vistos equivocadamente.
Até a religião - com suas variadas igrejas, incluída a de Roma - se perdeu em um cenário onde o intemporal se converteu em moeda esquecida.
Pacatos membros da sociedade do atraso, ontem cordiais, divergentes respeitosos e entendedores das diferenças sociopolíticas, se travestiram de novos juízes em um cenário de triste configuração moral.
O pensador Lao Tzu escreveu, sabiamente, que "quando os galhos de uma árvore estão secos, ficam rígidos e quebram".
Na minha longa vida como jornalista muitas vezes escrevi sobre o futuro, manifestando sempre uma grande esperança de que os tempos atuais seriam muito melhores. Mas hoje, ao fim de meu caminho temporal, sou forçado a reconhecer que "o futuro foi ontem".
Vivemos um fragmento da História carregado de alegrias, mas também de dores, fadigas e lágrimas de vida e de morte. Porém, seguimos lutando para continuar vivendo.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná