Alta dos fertilizantes deixa agricultor de cabeça quente
De acordo com a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), uma espécie de tempestade formada por problemas logísticos, políticos, climáticos e energéticos vai impactar severamente o custo de produção da próxima safra de inverno. O produtor rural vai encontrar um cenário adverso na hora de comprar fertilizantes minerais (o famoso NPK, dos símbolos químicos de nitrogênio, fósforo e potássio), que não faltarão no mercado mas terão preços bem acima dos praticados um ano atrás.
Em cada cadeia produtiva dos fertilizantes houve um impasse diferente que impactou a produção e o fornecimento nos principais países produtores, e sobre isso ainda paira a sombra da pandemia do novo coronavírus, que ajudou a tornar o cenário ainda mais nebuloso.
Para se ter ideia da variação desses insumos, em setembro de 2020 o gasto com fertilizantes em uma lavoura de soja no Paraná girava em torno de R$ 620 por hectare, custo que saltou para mais de R$ 1.300 em setembro de 2021. Com isso, o peso dos fertilizantes no custo operacional da lavoura passou de 20% para 31% em 12 meses.
O maior desarranjo foi preço da tonelada do cloreto de potássio, que saltou de US$ 265 em janeiro de 2021 para US$ 795 no final de outubro, acumulando alta de 220% em oito meses. A crise energética mundial também influenciou o mercado dos fertilizantes nitrogenados, cuja produção, além de consumir muita energia, é ligada à cadeia do petróleo e gás natural.
ALTERNATIVAS
Segundo o presidente da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Faep, José Antonio Borghi, o aumento no preço dos fertilizantes impacta fortemente o custo de produção de grãos no Estado. “Precisamos pensar em uma mudança na estratégia de adubação. Isso é possível desde que tenhamos uma boa assessoria técnica. A partir daí, com uma análise de solo, podemos pensar onde poderemos modificar nossa adubação”, afirma.
Para suprir a demanda de nitrogênio na lavoura existem opções como a utilização de cama de aviário, insumo que dá destinação viável a um passivo ambiental. Outra opção que já vem sendo utilizada pelos produtores paranaenses é a inoculação, técnica que adiciona bactérias às sementes das plantas com capacidade de fixar o nitrogênio do ar. Esse mesmo mecanismo pode ser utilizado por meio de consórcio com leguminosas que se associam a bactérias e cumprem a mesma função. (Foto: Sistema Faep)