O agronegócio brasileiro e a preservação das florestas
Dilceu Sperafico
Enquanto determinados brasileiros parecem apenas buscar, aumentar e propagar defeitos e eventuais falhas do País, prejudicando nossa imagem no exterior, para o bem de toda a sociedade a imensa maioria dos cidadãos não poupa esforços para promover o desenvolvimento efetivo da Nação, como empreendedores e trabalhadores urbanos e rurais, gerando alimentos, excedentes para a exportação, matérias-primas, bens de consumo, empregos, renda e tributos.
O Brasil, com toda a certeza, não é um País perfeito, mas na agropecuária, por exemplo, orgulha os cidadãos por ser modelo de desenvolvimento econômico e social sustentável, garantindo alimentos de qualidade e acessíveis aos consumidores nacionais e excedentes para as exportações, assegurando superávits na balança comercial, com amplos benefícios para todos os demais segmentos econômicos da Nação.
Na preservação de florestas, a manutenção de matas nativas em propriedades rurais do País equivale ao território de outros 16 países juntos, como França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Eslovênia, Eslováquia, Áustria, Holanda, Bélgica, Liechtenstein, Dinamarca, Polônia, Reino Unido e Irlanda.
O levantamento foi realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Territorial, cruzando dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sicar (Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural), de fevereiro de 2021 e constatando que o agronegócio brasileiro preserva 282,8 milhões de hectares de vegetação nativa, o que representa 33,2% do território nacional.
A informação desmente o mito repetido de que grandes produtores agropecuários nacionais destroem biomas, realizando desmatamentos e queimadas ilegais, com o objetivo de abrir espaços para lavouras e pastagens. Pesquisada pela Embrapa há 20 anos, a chamada integração lavoura-pecuária-floresta, segundo especialistas, está em franco crescimento no País, inclusive na Amazônia, em território brasileiro, pois o bioma se estende por diversos países sul-americanos.
A integração da agropecuária à mata nativa está no desenvolvimento de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais, dentro de uma mesma área de terra, através do cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, com benefícios para todas as atividades, utilizando melhor os insumos e diversificando a produção de alimentos, sem a derrubada de uma árvore sequer.
Essa técnica, portanto, não tem nada a ver com desmatamento criminoso e ilegal, que precisa ser freado com maior fiscalização, prisão, julgamento e condenação dos responsáveis, em processos abertos à sociedade, demonstrando que não têm nenhuma vinculação às ações e atividades de verdadeiros produtores e produtoras rurais.
Essa contribuição ao desenvolvimento econômico e bem-estar social da população, por sinal, é oferecida por todos os produtores rurais, sem levar em consideração a dimensão de propriedades, mas apenas a atividade exercida, pois com os avanços da tecnologia e da produtividade, o volume da produção não está mais restrito à dimensão da lavoura cultivada.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), através do Censo Agropecuário mediu o impacto da agricultura familiar na oferta de grãos e proteínas do País, constatando que os pequenos agricultores produzem 33,2% do total dos alimentos dos brasileiros, sem concorrer ou disputar espaços com os grandes produtores. (Foto: José Fernando Ogura/AGBR)
Dilceu Sperafico é ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná - dilceu.joao@uol.com.br