Petrobras: planejamento, investimentos e retorno
Joaquim Silva e Luna
A Petrobras acabou de anunciar seu Plano Estratégico para o período de 2022 a 2026. Se pudermos resumir o plano numa única frase, seria: investimento com visão de futuro e retorno para a sociedade.
Uma boa notícia é que a companhia venceu, depois de ter chegado a cerca de US$ 160 bilhões em 2014, a batalha contra o maior endividamento corporativo da história.
Foram sete anos perseguindo a redução da dívida até chegar a um patamar saudável de endividamento. Com isso, a empresa passa a pagar menos juros e amplia seus investimentos em 24%, passando os US$ 68 bilhões.
Cada real bem investido pela companhia tem um efeito multiplicador na economia. Para ter uma ideia, a atividade de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás tem um regime tributário especial: paga mais impostos para operar do que qualquer outra atividade econômica.
Em termos de emprego, cada R$ 1 bilhão investido nos negócios de E&P gera, em média, 10 mil empregos. Por isso, quando olhamos para o horizonte 2026, vemos mais investimentos trazendo mais desenvolvimento para municípios, estados e União.
O plano continua a demonstrar o esforço da Petrobras em transformar, cada vez mais, recursos em riquezas. O valor do pré-sal só existe na medida em que seu petróleo possa ser extraído, gerando mais recursos para a sociedade.
A transição energética é uma realidade e pode limitar a janela de tempo para o aproveitamento dos recursos fósseis. Se não for desenvolvido agora, o pré-sal, que hoje representa grande potencial para o país, pode perder valor no futuro. Por isso, temos pressa no pré-sal. O pré-sal já representa mais de 70% da produção da Petrobras e pode ser muito mais. Trata-se de petróleo competitivo na transição para a economia de baixo carbono, pois apresenta baixo teor de emissões e campos de alta produtividade.
Não podemos deixar de ressaltar que, além dos investimentos e dos tributos, há uma importante contribuição da Petrobras à sociedade por meio do pagamento de dividendos. Só em 2021, a projeção de dividendos para a União chega a R$ 27,1 bilhões. Se somados aos tributos pagos à União e aos demais entes federativos, a contribuição da Petrobras aos cofres públicos supera R$ 220 bilhões.
Esses recursos entram no caixa do Estado brasileiro e, se for oportuno, podem ser convertidos em políticas públicas. Quanto mais recursos a companhia gerar, maiores serão os benefícios para a sociedade. De forma direta ou indireta, todos os brasileiros são acionistas da Petrobras.
Como se sabe, o Brasil possui grandes reservas geológicas e um mercado em crescente evolução. A continuidade desse círculo virtuoso de exploração e produção depende da manutenção de condições seguras de mercado, preços livres, além de um ambiente atraente para mais investimentos, gerando emprego e renda.
É importante lembrar que esses investimentos da Petrobras são remunerados por apenas uma parcela do preço final que o consumidor paga nos postos. No caso do litro da gasolina, dos R$ 6,75 cobrados na bomba, apenas R$ 2,33 vão para a Petrobras (segundo coleta de preços médios ao consumidor pela ANP de 7 a 13 de novembro de 2021 e a parcela Petrobras vigente desde 26 de outubro de 2021). Essa é a parcela que sofre impacto do câmbio e do mercado, em que a paridade de preço internacional é apenas um dos termos da equação.
Em 2021, a Petrobras reduziu os preços da gasolina nas refinarias em quatro ocasiões e aumentou em 11. Enquanto isso, segundo a ANP, o preço médio nas bombas aumentou 34 vezes. Em valores, a parcela da Petrobras nas bombas variou R$ 0,98, enquanto o preço ao consumidor na bomba aumentou R$ 2,24 por litro. Portanto a formação do preço dos combustíveis no Brasil vai muito além da Petrobras.
Por fim, lembramos que a prática competitiva de preços é essencial para o abastecimento do mercado e para a manutenção do ciclo de investimentos. Com seu novo Plano Estratégico, a Petrobras demonstra que quer ser ainda mais forte e mais saudável; e quer fazer ainda mais pelo Brasil. (Foto: Assessoria)
Joaquim Silva e Luna é presidente da Petrobras