Erosão do solo causa danos bilionários aos agricultores
Berço do plantio direto no Brasil, o Paraná andou deixando de lado algumas práticas conservacionistas que garantem um solo equilibrado dos pontos de vista físico, químico e biológico. E todos sabem que a principal causa da degradação das terras agrícolas é a erosão hídrica, um problema mascarado nos últimos dois anos pela severa estiagem e que prejudica o meio ambiente e o bolso do produtor.
O custo da perda desses nutrientes está estimado em R$ 242 milhões anuais no Estado e em R$ 2,1 no Brasil todo. Esses números foram levantados pelo estudo científico "Perdas e custos associados à erosão hídrica em função de taxas de cobertura do solo". "Quanto maior o pacote de medidas conservacionistas que o produtor adota, maior o valor da terra”, pontua o pesquisador do IDR-Paraná Tiago Telles, um dos autores desse estudo.
“Para estimar esses custos, os teores de potássio, fósforo, cálcio e magnésio na água da enxurrada e na terra carreada pela erosão foram somados, convertidos em superfosfato triplo, cloreto de potássio e calcário dolomítico, e multiplicados pelos seus preços de mercado”, diz o estudo.
“Vale lembrar que nós verificamos apenas os custos que o produtor teria com as perdas dos macronutrientes. Se trata de um valor bem subestimado, pois não consideramos os custos com hora-máquina, mão de obra e outros aspectos. Também não estimamos essas perdas nem em pastagens nem em lavouras permanentes”, alerta Telles.
RECUPERAÇÃO LENTA
Além da perda financeira, a falta de medidas conservacionistas de manejo de solo exige um longo e dispendioso tratamento. Estima-se que para recuperar apenas um centímetro da camada mais superficial do solo - que também é a mais fértil - a natureza leva cerca de 400 anos. "Se for num solo basáltico pode demorar mais de mil anos. Varia em função da formação geológica do solo”, ressalta José Alfredo Baptista dos Santos, ministrador de cursos do Senar-PR.
Segundo ele, que acompanha esse tema desde a década de 1970, o Paraná já foi referência em manejo conservacionista, porém, aos poucos, foi abandonando essa vocação. “Hoje, conservação de solo não é mais ‘murundum’ com dois metros de altura. Temos muito mais informação, existe um conjunto de ferramentas disponíveis”, afirma, referindo-se a técnicas como plantio direto, plantio em nível, rotação de culturas e outros processos que preservam o solo e a água. (Foto: CNA)